07/04/10 14h57

Em ano de crise, renda do brasileiro cresce 10%

O Estado de S. Paulo

A crise passou longe do mercado consumidor brasileiro em 2009 e não interrompeu a tendência de ascensão social das camadas de menor renda nos últimos anos. Sustentada pela população do Nordeste, onde está a maioria da população de menor poder aquisitivo, a renda média mensal cresceu cerca de 10% e atingiu R$ 1.285 (US$ 652,3) no ano passado. Essa é a maior renda nominal da população desde que a Cetelem, empresa de crédito do grupo francês BNP Paribas, começou, em 2005, a fazer no Brasil a pesquisa Observador, em parceria com o instituto de pesquisa Ipsos. Realizada desde os anos 90 na França, a pesquisa retrata tendências de consumo.

Em 2009, o maior crescimento na renda ocorreu nas camadas D/E, com expansão de 12,8%, seguida pela classe C, cuja renda cresceu 6,2%. Já os rendimentos das classes A/B caíram 2%. "A Região Nordeste e as classes C, D e E atenuaram o impacto da crise no consumo", diz o diretor-geral da Cetelem para a América Latina, Marc Campi. As classes C, D e E foram as mais beneficiadas pelas políticas do governo contra a crise. O aumento da oferta de crédito e a redução de impostos sobre carros, geladeiras e máquinas de lavar favoreceram a manutenção do emprego e, consequentemente, da renda e do consumo.

O Nordeste observou a maior expansão da renda entre as regiões em 2009, com 25,2% sobre o ano anterior. Já a renda da Região Sul, que reúne grande parte das classes mais altas, caiu 13% em 2009. Gastos com produtos e serviços essenciais foram mantidos. Em contrapartida, as despesas não essenciais foram lideradas pelos itens de vestuário, que cresceram 29%. Outro resultado relevante é que as despesas com prestações e financiamentos bancários somaram R$ 98 (US$ 49,7) mensais em 2009 e ocuparam a vice-liderança entre os gastos não essenciais. Campi ressalta que a crise mudou o comportamento do consumidor, que está mais maduro e ampliou a poupança. Em novembro de 2009, os entrevistados pouparam, em média, R$ 535 (US$ 271,6), ante R$ 315 (US$ 172,1) no mesmo mês de 2008.