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Em meio à crise, Brasil torna-se esperança da Ogilvy para 2009

Valor Econômico - 09/02/2009

Nem Rússia, nem Índia, nem mesmo a poderosa China: nenhum dos outros BRICs deve render tão boas notícias para a americana Ogilvy neste ano crítico quanto o Brasil. A rede de publicidade, serviços de marketing e relações públicas - que pertence ao segundo maior conglomerado de comunicação do mundo, o europeu WPP - coloca suas apostas no mercado brasileiro, o único entre os emergentes que recebe incentivos do governo para fomentar o consumo, segundo o presidente mundial da Ogilvy, Miles Young. O executivo, que assumiu o posto em janeiro, depois de viver 13 anos em Hong Kong comandando a operação de Ásia e Pacífico, escolheu o Brasil para começar, na semana passada, um giro pelos principais escritórios da Ogilvy no mundo. No ano passado, o país ultrapassou a Alemanha e se tornou a quarta operação da Ogilvy no mundo, depois de Estados Unidos, Inglaterra e China. Animado com a alta de cerca de 20% na receita brasileira em 2008, contra um crescimento de 11,5% da rede em todo o mundo, o executivo espera que o Brasil cresça pelo menos 9% em 2009. Já em nível global, não há estimativas oficiais para a receita da Ogilvy em 2009, mas os melhores prognósticos não vão além de 4%. No mês passado, a empresa cortou 10% da sua equipe na América do Norte, algo em torno de 120 pessoas, segundo Miles. Enquanto isso, no Brasil, o faturamento de janeiro cresceu 14% sobre o mesmo período de 2008 e o presidente no país, Sergio Amado, estuda aquisições.. Em junho, Amado anunciou que a Ogilvy no Brasil teria cerca de R$ 200 milhões (US$ 87 milhões) para investir em aquisições. Comprar boas empresas por um preço menor é uma das oportunidades que a crise oferece, segundo Miles. Mas, na visão do principal executivo da Ogilvy, existem outras chances a ser exploradas nesse momento. Para ele, tudo o que não é publicidade tradicional (anúncios em TV, revistas, jornais e rádio) tende a ganhar força. Entre os principais clientes da Ogilvy estão Coca-Cola, Unilever, Nestlé, IBM, Cisco e Ford. O executivo lembra que, mesmo em tempos de crise, as pessoas precisam comer e beber, entre outras necessidades básicas. O que significa que a competição não só permanece, como se torna ainda mais acirrada se o consumidor se mostra mais criterioso em relação aos gastos.