10/08/10 15h59

Em São Paulo, planos de expansão do setor privado ultrapassam US$ 1,14 bilhão

Valor Econômico – 10/08/10

Os hospitais paulistas, cidade que abriga o maior mercado do país na área de saúde, estão promovendo investimentos vultosos que ultrapassam a casa dos R$ 2 bilhões (US$ 1,14 bilhão). A maior parte desses recursos está sendo destinada para construção de novas áreas de oncologia, cardiologia, neurologia, ortopedia e em hospitais-dia, onde o paciente é atendido e volta para casa no mesmo dia. Estes segmentos são mais rentáveis quando comparados a um atendimento de pronto-socorro, por exemplo. "A população está envelhecendo e com isso há maior incidência de algumas doenças. Além disso, está aumentando o número de pessoas com planos de saúde", disse Henrique Salvador, presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). Atualmente, cerca de 43 milhões de pessoas têm convênio médico, um aumento de quase 10 milhões nos últimos cinco anos.

O Sírio-Libanês, que já é referência em oncologia, está investindo R$ 835 milhões (US$ 477 milhões), sendo R$ 600 milhões (US$ 342,9 milhões) para ampliar a sede, no bairro da Bela Vista. O plano de expansão do Sírio prevê um hospital-dia, que contará com um centro de oncologia a ser aberto em outubro. Também está previsto um novo hospital em Campinas, no interior de São Paulo, que demandará investimentos de R$ 200 milhões (US$ 114,3 milhões). A nova unidade do Albert Einstein no bairro das Perdizes, inaugurada na semana passada, tem como foco a "desospitalização, uma tendência na área médica que busca oferecer tratamentos mais rápidos, eficientes e com menor custo", informa o hospital. O Einstein também é referência nas áreas de oncologia, cardiologia, neurologia e ortopedia - especialidades oferecidas também na sede, no Morumbi, ampliada no ano passado e que faz parte de um investimento total de R$ 520 milhões (US$ 297,1 milhões).

Os hospitais menores e voltados para o público com baixo poder aquisitivo, como o Santa Paula, também estão de olho nessas áreas da medicina. Até o final do ano, o Santa Paula inicia a construção de um centro de oncologia que demandará R$ 15 milhões (US$ 8,6 milhões). O alemão Oswaldo Cruz abriu uma unidade para tratamento de câncer em março, na zona leste da cidade de São Paulo. O Santa Catarina, situado no início da avenida Paulista, é um exemplo de hospital que passou a voltar os olhos para procedimentos de alta complexidade e reverteu seu resultado financeiro. Em 2008, o hospital teve déficit de R$ 16,3 milhões (US$ 8,9 milhões) e no ano passado obteve superávit de R$ 7,7 milhões (US$ 3,9 milhões). "Readequamos o nosso perfil. Nos últimos dois ou três anos, 60% do nosso atendimento era de procedimento clínico ou pronto-socorro, que dão baixo retorno financeiro", disse Manoel Borges, em entrevista ao Valor em março. Outros hospitais como Sabará, Samaritano, Vitória e HCor também estão investindo nessas especialidades mais rentáveis.