30/10/08 11h58

Em vez de importar, País exportará semente

Gazeta Mercantil - 30/10/2008

Uma inédita tecnologia desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) vai permitir que o Brasil, tradicional importador de sementes para a bataticultura, passe à condição de exportador do insumo nos próximos anos. O instituto avalia que a técnica proporciona uma economia de 60% a 70% nas despesas com semente por hectare. O sistema utiliza o broto da batata-semente para reprodução. O material, que sempre foi descartado, permite manter a mesma condição fitossanitária (controle de vírus) das sementes. O projeto despertou a atenção dos chineses, que firmaram uma parceria-piloto para a implantação da tecnologia no país pelos próximos três anos. A expectativa é que o contrato seja firmado em 2009, mas a data ainda não foi definida. Além da visibilidade e abertura de novas divisas para o País, José Alberto Caram de Souza Dias, pesquisador do IAC e "pai" da tecnologia, afirma que o sistema deve proporcionar maior economia inclusive com o câmbio. Segundo ele, a demanda por semente importada tem reduzido a cada ano. Há 30 anos, o País importava cerca de 20 mil toneladas do insumo, número que caiu para 3 mil toneladas nos últimos anos. "Investir em pesquisa não é jogar dinheiro fora. Já pensou quanto o Brasil gastaria se não fossem as pesquisas?", observa o pesquisador. Ele acrescenta que essa redução da importação só foi possível por causa das novas descobertas no controle das viroses. Sandro Bley, engenheiro agrônomo e gerente do Grupo Whermann, Cristalina (GO), explica que as despesas com sementes por hectare são de R$ 5 mil (US$ 2,3 mil) em média. "Com a nova técnica, tivemos redução de 80%, caindo para R$ 1 mil (US$ 454,5) em média", explica. Caran acrescenta que o custo unitário das sementes cai de R$ 0,35 (US$ 0,16) para R$ 0,20 (US$ 0,09) com o uso do broto.