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Embraer adota modelo automotivo para ganhar mais produtividade

Valor Econômico – 08/08/2008

O presidente da Embraer, Frederico Curado, decidiu acabar com o paradigma de que a fabricação de aviões é uma processo manual e artesanal. Há exatamente um ano, pouco depois de assumir o cargo, o executivo implantou em todas as fábricas da companhia um programa de manufatura enxuta chamado "lean", um velho conhecido da indústria automobilística. Em alguns meses, a empresa terá o seu primeiro robô, encarregado da perfuração das asas do modelo Phenom, a nova aeronave executiva. A mudança do sistema de produção começou porque a empresa precisava melhorar a produtividade, aumentar a rentabilidade e, em última instância, melhorar a competitividade. Curado foi buscar a experiência de uma consultoria japonesa, alinhada com o famoso método de produção enxuta em empresas do setor automotivo como a Toyota. Algumas mudanças já foram feitas, como alterações no "layout" e regras para reduzir desperdícios. A nova ordem vale para a fábrica e a área administrativa. Nos produtos que estão nascendo agora, a mudança será mais clara e mais próxima do estilo ritmado da indústria automobilística. Um exemplo é o modelo de aviões executivos Phenom 100 e 300. A produção dessas aeronaves já funciona sem estoques na linha. O operário permanece no seu posto de trabalho e ali é abastecido com componentes. Para sustentar o novo modelo, a Embraer decidiu criar um armazém de peças e está conversando com todos os fornecedores para que eles também tenham estoques intermediários de apoio. No início do próximo ano, a fábrica de Botucatu, onde é produzido o modelo Phenom, receberá o robô que passará a fazer os milhares de furos da asa, uma operação repetitiva, que requer alto grau de precisão. Recentemente, Curado ficou sabendo que a americana Boeing também começou a adotar a automação, o que, de certa forma, sinalizou que a Embraer está no caminho certo.