22/07/15 14h30

Embraer deve mudar gestão para São Paulo

Meta é que escritório administrativo esteja em cidade que facilite contatos de negócios

Estado de S. Paulo

A Embraer está avaliando a transferência da suas aéreas administrativas de São José dos Campos, atual sede da companhia, para São Paulo. A visão da empresa é que, como atua num mercado de competição global, a Embraer deve ter seu escritório numa cidade que esteja mais inserida no circuito internacional de negócios. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região teme que o movimento provoque demissões.

A empresa diz ter centenas de pessoas trabalhando em funções administrativas – como os setores jurídico, financeiro e de comunicação – em São José dos Campos, onde tem cerca de 12 mil trabalhadores. A Embraer ainda não definiu quais áreas e quantos funcionários serão realocados. A companhia vai contratar uma consultoria para analisar quais áreas irão para o escritório paulistano.

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e membro do conselho de administração da Embraer, Herbert Claros da Silva, diz que os trabalhadores temem que este movimento e os planos de expansão da empresa em outras unidades provoque demissões na cidade.

A Embraer anunciou em maio que vai transferir a produção dos jatos executivos Phenom para a fábrica de Melbourne, nos Estados Unidos, em 2016. A companhia anunciou em outubro do ano passado a criação de uma linha de montagem do jato Legacy na mesma unidade, que está em fase de expansão para receber o modelo.

A fabricante ressalta, por meio da sua área de comunicação, que peças dos dois aviões, como asas e a fuselagem, continuarão a ser produzidas no Brasil, na unidade de Botucatu. No caso do Legacy, a empresa montará o modelo no Brasil e nos Estados Unidos. Os trabalhadores que hoje montam os jatos Phenom em São José dos Campos serão remanejados para a produção dos modelos E2,osjatoscomerciaisdesegundageração da Embraer que serão entregues a partir de2018. A empresa diz que não há uma previsão de cortes na equipe.

O sindicalista teme que a preservação dos empregos não ocorra e afirma que a empresa estuda a transferência total da montagem do Legacy para os Estados Unidos. “Eles dizem que vão remanejar internamente os funcionários, mas é impossível readequar tanta gente.” Segundo Silva, as linhas do Phenom e do Legacy somam quase 3 mil pessoas na cadeia de produção.
A Embraer tem hoje 19,3 mil funcionários, 90% deles no Brasil e a maioria alocada em São José dos Campos. A companhia tem aumentado o quadro nos últimos meses no município de Gavião Peixoto por causa da evolução do programa de lançamento do cargueiro militar KC390, montado na unidade. Depois do Brasil, os Estados Unidos contemplam o segundo maior contingente da empresa, com cerca de 8% da equipe.

A empresa chegou a ter 23,7 mil funcionários em 2007, mas enxugou o seu quadro após a crise americana em 2008, que derrubou a demanda por aeronaves especialmente nos EUA, maior mercado mundial. Na época, a Embraer cortou 6,6mil vagas.