03/12/09 12h32

Embraer vai dobrar vendas no País

O Estado de S. Paulo

Atentas para a boa maré do mercado doméstico, impulsionado pelo aumento da renda, do emprego e do crédito, as indústrias decidiram redirecionar o foco dos negócios para os clientes locais. Com isso, escapam do real valorizado que atrapalha as exportações e da demanda externa ainda ressentida da crise financeira internacional. "Várias indústrias estão redirecionando a produção antes exportada para o mercado doméstico, quando é possível", diz o diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca.

A fabricante de aviões Embraer vai mais que dobrar neste ano a participação das vendas domésticas no faturamento. Em 2008, o mercado interno respondeu por 4% da receita de US$ 6,3 bilhões. Este ano, a fatia das vendas domésticas será de cerca de 10% de um faturamento projetado de US$ 5,5 bilhões.

"Venda para o mercado interno de US$ 530 milhões é a maior cifra nominal da história da empresa", afirma o vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores, Luiz Carlos Aguiar. O executivo frisa que 90% das vendas são para o exterior, mas que as vendas de aeronaves para dois novos clientes, as companhias aéreas Azul e Trip, deram uma injeção de ânimo na empresa.

A Azul encomendou 36 aviões, com entrega até 2013. A Trip comprou cinco aeronaves. "As vendas domésticas não compensam as perdas no mercado externo, mas o cenário do transporte aéreo internacional só deve reagir em 2011."

Outro dado que mostra a importância do mercado interno no desempenho de indústria é o Coeficiente de Exportação, indicador lançado pela Fiesp. O índice mede a participação das vendas externas na produção industrial. Até setembro, as exportações representaram 21,6% da produção da indústria em valor. Foi a terceira queda consecutiva. Em 2006, a fatia das exportações na produção industrial era de 23,7%. Em 2007, caiu para 23,5%, e em 2008 para 22,1%. "A tendência para 2010 é que esse indicador fique abaixo de 20%", prevê Giannetti da Fonseca.