05/07/09 14h38

Emergentes já ensaiam "descolamento" da crise

Folha de S. Paulo

Nove meses depois do agravamento da crise financeira internacional, as economias emergentes e as mais avançadas começam a se "descolar". Nos países em desenvolvimento, os sinais de aumento na produção e de recuperação no emprego e no crédito vão ficando cada vez mais consistentes. A forte valorização de suas Bolsas de Valores é reflexo dessa nova conjuntura. Os 22 países classificados como emergentes no índice da Morgan Stanley Capital International fecharam o primeiro semestre do ano com uma participação total de 24% no valor das ações negociadas ao redor do mundo, um recorde, e bem acima dos 18% de 2008. Já nos países desenvolvidos, e principalmente nos EUA, os dados econômicos continuam extremamente contraditórios. E essas economias vêm se sustentando ainda basicamente por estímulos "artificiais", como gastos públicos sem precedentes e injeções de dinheiro trilionárias no mercado por meio dos bancos centrais.

Enquanto os mercados do Brasil (alta de 26% na Bolsa no segundo trimestre), da China (25%) e da Índia (49%) sobem consistentemente, nos EUA (segundo o mais amplo índice da Bolsa de Valores de Nova York, o S&P 500) os ganhos do ano foram anulados na quinta-feira após ser conhecido o resultado do desemprego em junho: 467 mil demissões, 145 mil a mais do que o previsto.

Relatório do IIF (International Finance Institute) diz que "os emergentes saíram na frente na atual recuperação, com os asiáticos puxando o bloco". Chris Williamson, economista da consultoria Markit Economics, afirma acreditar que o restante da recuperação global poderá ser influenciado pela China, que registrou em junho o terceiro mês consecutivo de crescimento na produção industrial. O Brasil parece ir no mesmo caminho. A produção industrial física aumentou 1,3% em maio com relação ao mês imediatamente anterior. Em abril, a variação havia sido positiva em 1,2%. Já sobre os países desenvolvidos, o IIF levanta a dúvida sobre se a recente recuperação da produção industrial não se trata apenas de reposição de estoques "queimados" nos piores meses da crise, entre outubro de 2008 e janeiro deste ano.