07/12/09 11h36

Emergentes recebem mais dólares

O Estado de S. Paulo

O fluxo de dólares para o Brasil passou a ser um dos maiores do mundo e o País poderá crescer em média quase 5% anualmente até 2014. Os dados e projeções estão sendo divulgados hoje pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais), que revela que a expansão nos países emergentes servirá de base para a recuperação dos países ricos. Mas o BIS alerta que o mercado não confia na capacidade dos governos em lidar com o desafio da apreciação de moedas como o real. Só no segundo trimestre, a entrada de capitais ao Brasil somou US$ 15 bilhões.

O BIS admite que o mundo deixou a recessão. Mas faz sérias advertências: as incertezas sobre o crescimento são profundas e a volatilidade nos mercados não está superada. Por enquanto, a percepção é de que a recuperação está sustentada de forma perigosa apenas nas baixas taxas de juros e nas medidas de estímulo. O resultado é que, apesar dos dados positivos em vários mercados, a confiança do investidor continua "frágil".

"As grandes economias emergentes, como China, Índia e Brasil, que tiveram quedas menos pronunciadas de crescimento que os países avançados, se recuperaram de forma bem mais rápida e a previsão é de que se expandam em um ritmo substancialmente mais rápido nos próximos cinco anos", afirmou o banco.

O Brasil, diz o BIS, deve ter um crescimento de perto de 5% e praticamente estável entre 2010 e 2014. Ao contrário dos países ricos, as economias emergentes vivem uma expansão dos créditos externos. O Brasil tem sido o maior exemplo disso, segundo o BIS. O País recebeu US$ 15 bilhões a mais em crédito apenas no segundo trimestre do ano. Entre os emergentes, só foi superado pela China, com US$ 49,2 bilhões e por Hong Kong, com US$ 46,8 bilhões.

O Brasil ainda fez emissões de US$ 35 bilhões em papéis no exterior. Desse total, US$ 23 bilhões foram emitidos pelo governo. No geral, a expansão de empréstimos internacionais para os países emergentes foi de US$ 77 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 3,3% e a primeira elevação em um ano. Mas a expansão dos créditos ao Brasil vem acompanhada de riscos. O principal deles é a apreciação da moeda brasileira diante do dólar em razão da entrada de capitais.