22/05/12 12h31

Emergentes vão acelerar em 2013, preveem analistas

Valor Econômico

A zona do euro deve ter crescimento negativo neste ano, mas o impacto sobre a China e o Brasil não impedirá que esses dois grandes emergentes voltem a crescer mais em 2013, segundo projeções de diferentes analistas.

No caso da China, a avaliação nos meios internacionais é que a desaceleração da segunda economia do mundo já ocorreu, para estabilizar o PIB em cerca de 8%. E o país ganhará ritmo no segundo semestre, devendo recuperar o patamar de 9% no ano que vem, com estímulos que o governo prepara.

O Brasil se beneficiará da expansão chinesa e pode voltar à taxa de crescimento potencial, por volta de 4%, em 2013. O Instituto Internacional de Finanças (IIF) vai além e prevê expansão economica de 5,2% no Brasil no ano que vem - quase o dobro da deste ano.

Há um impacto da crise europeia sobre os emergentes, mas a aposta é de que a demanda interna desses países será mais e mais vigorosa e lhes permitirá voltar a uma taxa importante de crescimento.

A economia internacional continua marcada pela forte divergência entre uma zona do euro que se enfraquece ainda mais e, de outro lado, os EUA e o Japão melhorando seu desempenho econômico.

As tensões causadas pela discussão sobre uma eventual saída da Grécia e sobre a saúde do sistema bancário da Espanha ampliam as dificuldades para a recuperação europeia. As estimativas do IIF para o PIB europeu neste ano variam de -0,1% a -0,2%, comparado a 2,4% nos EUA.

Para este ano, a entidade representativa dos grandes bancos fez uma baixa substancial nas projeções para os emergentes. Para a China e Índia, a estimativa foi cortada em 0,4 e 0,5 pontos percentuais, respectivamente. Mas, para 2013, a tendência é mesmo de recuperação, a não ser que um grande desastre surja pela frente. Mas o preço do petróleo, por exemplo, caiu quase 20% desde seu pico de US$ 128 em março.

Em relação à China, há porém divergências no mercado. Um especialista da economia chinesa, Qinwei Wang, não acredita que Pequim conseguirá fazer mais de 7,5% de crescimento este ano e não chegará a 9% ano que vem. Ele não confia muito na demanda doméstica e aponta excesso de capacidade provocado por muitos investimentos na industria.

No geral, os emergentes devem continuar perfazendo dois terços da expansão econômica global.

A economista-chefe de pesquisa para mercados emergentes do Deutsche Bank, Maria Laura Lanzeni, nota que, até agora, a América Latina foi afetada pela crise na zona do euro principalmente pelo canal financeiro.

Houve três ou quatro episódios de vendas fortes nos mercado por causa de temores com a zona do euro, desde abril de 2010, e isso levou moedas na América Latina a se desvalorizar e elevou os spreads de bônus, diz ela.

Quanto ao canal bancário, o impacto não tem sido importante até agora em relação à Grécia, mas Lanzeni acha que pode se tornar uma preocupação se a crise na Espanha e no setor bancário do país aumentar.

A maior presença de bancos espanhóis na região é no Chile. No entanto, a economista do banco alemão nota que os fundamentos econômicos do Chile são bons e isso torna improvável uma crise causada pela situação espanhola.

Quanto ao impacto no comércio, a zona do euro é destino de apenas 11% das exportações latino-americanas. Isso comparado com 37% para os EUA e 38% para outros mercados emergentes. Pela primeira vez desde 2011, os emergentes compraram mais produtos latino-americanos do que os EUA.

A zona do euro sozinha não é o mais importante mercado de exportação para a América Latina, apesar de Brasil e Chile terem vendas maiores para o bloco, de cerca de 17% de suas exportações. "A preocupação assim vem não de um impacto direto, e sim indireto. Se uma forte crise tiver impacto também nos EUA e na China, isso vai pesar sobre a América Latina."