17/12/19 13h31

Empreendedores criam fintech para pequenas empresas e recebem aporte de US$ 10 milhões

Igor Senra e Leonardo Mendes fundaram a empresa de pagamentos online Moip, mas perceberam uma nova oportunidade nos serviços bancários para PMEs

Pequenas Empresas e Grandes Negócios

O Brasil tem mais de 600 startups de serviços financeiros. Mais conhecidos como fintechs, esses empreendimentos são cada vez nichados e continuam recebendo capital de risco.

O último exemplo é a Cora, uma fintech que recebeu um investimento de US$ 10 milhões para atender empresas de pequeno porte, que ficam entre o microempreendedor individual (MEI) e a média empresa.

O negócio foi criado pelos empreendedores Igor Senra e Leonardo Mendes, que fundaram anteriormente a fintech de pagamentos online Moip. Ainda em fase alfa de testes, a Cora deve ser lançada em março de 2020 – e já bem capitalizada.

Ideia de negócio: banco para pequenas empresas

Em 2007, Igor Senra e Leonardo Mendes se inspiraram na gigante PayPal e criaram a empresa de pagamentos online Moip. A startup brasileira cresceu e, em 2016, o grupo europeu Wirecard a comprou.

Senra e Mendes começaram a procurar mercados menos saturados. “É um setor cada vez mais cheio de players e o dinheiro acaba na mão dos cinco grandes bancos que atuam no país. Estávamos longe de resolver todos os problemas do nosso cliente”, diz Senra.

Outra inspiração veio de dois Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS/ONU): “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos” e “construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.”

Segundo Senra, o que diferencia a Cora dos grandes bancos é o atendimento apenas para a pessoa jurídica. Nos Estados Unidos, um exemplo de empreendimento similar é o Brex, fundado pelos também brasileiros Henrique Dugubras e Pedro Franceschi. “Não temos um copia e cola dos serviços para a pessoa física. Ajudamos o empreendedor de forma mais aprofundada”.

A Cora está desenvolvendo um algoritmo para analisar o histórico do cliente e direcionar atitudes – por exemplo, alertando o empreendedor de que seu capital de giro irá acabar nas próximas semanas.

O público-alvo da Cora são empreendimentos com faturamento bruto anual próximo a R$ 4,8 milhões – o limite permitido pelo regime de tributação Simples Nacionais. “O MEI tem um perfil muito mais parecido com pessoa física do que com pessoa jurídica. Ele será mais bem atendido por bancos para a pessoa física”, diz Senra.

O Sebrae calcula que existam 14 milhões de empreendimentos no Brasil, sendo que 99% deles são pequenas empresas. Esses negócios empregam 55% do total de trabalhadores com carteira assinada e são responsáveis por 27% do Produto Interno Bruto (PIB).

Investimento e lançamento

Este é o primeiro investimento que a fintech recebe. O aporte de US$ 10 milhões foi liderado pelo fundo de investimentos KaszeK, criado por fundadores do marketplace Mercado Livre e investidor de fintechs como Contabilizei, Creditas, Nubank e Warren. Completam a injeção de recursos o fundo Ribbit Capital (Brex, Conta Azul, Nubank e Warren) e investidores-anjo.

A fintech usará os recursos para construir seu produto e canais de aquisição de empreendedores. A Cora está em fase alfa de testes, rodando com cerca de 20 clientes. Alguns serviços já oferecidos pela instituição de pagamento são conta digital, emissão de boleto, pagamento de conta e transferência.

A Cora deve começar a operar no mercado em março de 2020, após obter uma licença do Banco Central para operar mais serviços financeiros. Exemplos são o cartão de crédito e um sistema de cobrança de boletos. A fintech tem 35 funcionários e está com 60 vagas em aberto. Até o final de 2020, projeta alcançar entre 8 e 15 mil clientes. Mercado, suas dores e recursos para crescer não faltam.