13/12/10 11h39

Empresa de recrutamento cresce mais no Brasil do que na China

Folha de S. Paulo

Depois de viver em 2009 o pior ano desde a sua fundação, a Michael Page, gigante da área de recrutamento, encerra 2010 com 11 escritórios novos, dos quais cinco, no Brasil, e dois, na China.

Steve Ingham, presidente mundial da Michael Page, diz que o faturamento da empresa no Brasil, ainda é um pouco maior do que a companhia obtém na China. Quase todos os clientes no país asiático são multinacionais, explica o executivo britânico. No Brasil, onde tem 13 escritórios, a empresa tem clientes locais, além das companhias globais. "Abrimos em Recife, com excelente resultado, Porto Alegre, no Rio, em São José dos Campos e em Alphaville (SP). Há aqui um apagão, não só de engenheiros."

A empresa observa um grande interesse de europeus em trabalhar no país. "Chegam por semana de 20 a 25 currículos de pessoas da Europa. Isso não acontecia", diz o francês Patrick Hollard, diretor-geral para América Latina. Segundo Ingham, que esteve em São Paulo, onde deu entrevista à coluna, o setor que primeiro começou a demandar recrutamento, conforme a crise amainou, foi o dos bancos. "A demanda veio de quem causou o problema. Sempre é banco. Estou na Michael Page há 24 anos e vi vários períodos de declínio. Bancos sempre contratam e demitem a mais", diz o executivo.

A recuperação, segundo Ingham, deu-se muito por área geográfica. "As primeiras regiões a retomar foram as que estavam crescendo antes, América Latina e China", lembra. "Na China foram mais as empresas multinacionais com quem lidamos que tiveram impacto globalmente", lembra o executivo. "No segundo trimestre de 2009, começamos a crescer de novo na América Latina e na China. No terceiro, na Austrália,e no quarto trimestre, na Europa. No primeiro trimestre deste ano, o Reino Unido e os Estados Unidos começaram a crescer", conclui Ingham. "Diferentemente daqui, a recuperação é lenta na Europa, mas está ocorrendo."

O ano de 2009 foi difícil, "mas ainda estávamos lucrativos", frisa ele. Para este ano, a Michael Page projeta crescimento de 25% nas vendas globais. No Brasil, o resultado deverá ter um aumento de 42%.

"Mantivemos todos os nossos escritórios, nossos negócios, e todos os nossos diretores, enquanto nossos competidores estavam perdendo dinheiro, saindo de países e demitindo diretores deles. Isso tornou mais difícil a recuperação deles", diz. Ingham afirma que a companhia se valeu do fato de ter recursos em caixa. "Quando o mercado se recuperou, investimos rapidamente."