17/12/09 10h50

Empresas contratam de olho em 2010

Valor Econômico

A impressionante recuperação do emprego no pós-crise alcançou, em novembro, o resultado que melhor simboliza a retomada da atividade econômica. O saldo positivo de 246,6 mil vagas criadas no mês passado, segundo dados divulgados ontem pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, indica que diferentes setores da economia estão se preparando para um início de 2010 muito forte, implantando ritmo que, ao longo do próximo ano, pode corresponder a um crescimento superior a 5% do Produto Interno Bruto (PIB).

A recuperação do emprego foi puxada por dados positivos na indústria, comércio e serviços, mas, afirmam os analistas consultados pelo Valor, como os últimos dois setores já vinham com resultados expressivos ao longo do ano, foi a indústria que promoveu a maior surpresa nos dados consolidados. Em novembro, mês normalmente carregado por sazonalidade negativa nas fábricas, isto é, com mais demissões que contratações, o agregado do setor industrial foi positivo em 40,9 mil postos - no mesmo período em 2007, quando o país crescia a taxas de 6% ao ano, o resultado foi negativo (-2,5 mil). Mesmo no campo os indicadores do mês passado foram alentadores. Enquanto que, historicamente, o mês de novembro concentra saldos negativos da ordem de 50 mil postos, em média, a marca do mês passado foi negativa em apenas 16,6 mil vagas.

A recomposição de mão de obra tem sido forte em setores que pavimentam o caminho para um ritmo de crescimento mais elevado. Resultados expressivos na indústria e no setor de construção civil - que até julho já recuperara os fechamentos de vagas verificado no último trimestre de 2008 - sinalizam manutenção da retomada do PIB, que deve fechar em zero neste ano.

Segundo Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Investimentos, a expectativa de crescimento forte no primeiro trimestre de 2010 foi antecipada. "Já estamos vivendo o trimestre de crescimento forte, como os dados sobre atividade deste último trimestre do ano, que serão divulgados em janeiro, devem comprovar", avalia. Segundo o economista, os dados de varejo - 331,5 mil vagas abertas, com saldo positivo de 104,7 mil postos - apresentam a "melhor indicação para o que está por vir", ao sinalizar à indústria que o mercado doméstico está forte.