03/12/12 17h56

Empresas de TI planejam criação de polo no Centro

Correio Popular

Ideia é transformar a área em um dos polos de alta tecnologia da cidade e ajudar revitalizar região
 
Empresas do setor de software, que devem fechar o ano com faturamento de R$ 1,5 bilhão em Campinas, estão de olho no Centro da cidade, dispostas a tornar a área central um dos polos de alta tecnologia da cidade e participar de um processo de revitalização dessa região. Há empresas interessadas em se instalar no Centro e, se o poder público agir como indutor, o setor poderá alavancar a revitalização, disse o consultor e fundador do Núcleo Softex Campinas, Fábio Pagani.


O prefeito eleito Jonas Donizette (PSB) afirmou que a proposta tem seu apoio porque quer utilizar o modelo de Puerto Madero, que Buenos Aires adotou para revitalizar a região portuária.

Jonas disse que vai reunir os representantes e empresas da área de tecnologia da informação para discutir a proposta que o setor tem para o Centro. Campinas tem cerca de 200 empresas de software, cujo faturamento vem crescendo em média 30% ao ano. Várias delas já estão no Centro e outras irão se houver uma política e uma definição de tornar essa região polo de tecnologia da informação (TI).

A reivindicação inclui concessão de incentivos fiscais e participação da Administração como indutor de atração dos investimentos. Em contrapartida, as empresas recuperariam os prédios onde se instalassem.

As empresas querem o Centro como polo de TI por causa do fácil acesso aos funcionários, o que impacta os custos. “Nos polos mais distantes, as empresas se veem obrigadas a investir em fretados e muitos funcionários precisam ir trabalhar de carro. No Centro existem mais opções de transporte público”, disse Pagani

Além disso, afirmou, o custo imobiliário é menor — os aluguéis de escritórios são mais baratos na região central do que nos outros polos, além haver mais disponibilidade e facilidade de acesso a serviços para os funcionários.
Pagani lembra que o poder aquisitivo do pessoal da área de TI é alto, e por isso mesmo mais exigente, o que levaria a uma requalificação da região, puxando uma demanda por bons restaurantes, por atividades culturais e traria mais vida às noites. “Pessoal de TI trabalha até muito tarde”, disse.

Se existir um polo de TI no Centro, acredita o coordenador executivo do Núcleo Softex, Edvar Pera Júnior, a indústria da criatividade também será atraída para lá. “As empresas têm vontade política de fazer”, afirmou.

O problema de Campinas para firmar a cidade e região como polo de tecnologia é que falta uma ação mais forte do poder público, segundo Pagani. As últimas administrações deram pouca atenção ao setor, segundo ele.

“Temos hoje uma concentração de empresas no eixo Unicamp/Telebras e na região do Shopping Galleria, mas não há uma ação política de consolidar esse polo. A estrada que dá acesso ao polo de tecnologia é péssima, com pista única e agora com as obras do centro do Santander, os caminhões aumentaram e o trânsito está insuportável, chegando inclusive a prejudicar a Campinas-Mogi”, disse.

O núcleo é uma associação de software que agrega 200 empresas e atua no fomento ao desenvolvimento de mercado, competitividade e sustentabilidade da indústria de software e tecnologia da informação. Pelo menos duas empresas nascentes, encubadas no Softex, têm chances reais de se tornarem importantes cases em inovação. Elas foram selecionadas pelo Inova Ventures Participações (IVP), um grupo de investidores anjos, como são chamados grupos que aplicam capital em empresas iniciantes.

A IVP foi formada no ano passado, a partir da articulação da Unicamp Venture, que reúne ex-alunos, ex-professores e empreendedores que passaram pela universidade, o Núcleo Softex Campinas e a Agência de Inovação Inova Campinas.

A IVP pretende investir R$ 2,5 milhões em empresas de tecnologia da informação. A faixa de aporte inicial em cada startup (empresas que contam com projetos promissores, ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras) poderá variar entre R$ 50 mil e R$ 500 mil.

A ideia é que a IVP se torne sócia minoritária da companhia com uma participação acionária de 5% a 30%. A estimativa é que a saída da empresa de participações, o chamado desinvestimento, ocorra em um prazo de cinco a dez anos.