01/07/09 10h42

Empresas já se ajustam para demanda maior

Valor Econômico

Algumas empresas que atuam diretamente nos segmentos beneficiados pela prorrogação da redução de impostos e pela queda no custo de financiamento de bens de capital já projetam um ano com aumento de vendas na comparação com 2008 e com recontratação de pessoal. Companhias que demitiram no auge da crise estão readmitindo funcionários e outras, que concederam férias coletivas, reforçam a produção com temporários.

A redução do IPI para eletrodomésticos permitiu à Whirlpool , fabricante das marcas Brastemp e Consul, recuperar no segundo trimestre a queda registrada no trimestre anterior e a contratar 1,2 mil trabalhadores a partir de maio. Patrício Mendizabal, presidente da Mabe, que fabrica produtos da linha Dako e GE no país, afirma que desde a redução do IPI para a linha branca, as vendas da empresa aumentaram de 20% a 30% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, mas não sabe quanto é devido ao IPI reduzido.

No caso da Latina, que fabrica tanquinhos e tem 45% da receita associada ao produto, o aumento do volume de vendas foi de 30% no período de vigência do IPI, o que levou a uma expansão de 35% na produção. Para tanto, o presidente da empresa, Valdemir Gomes Dantas, diz ter elevado o número de funcionários em 10%, o que recompôs as demissões feitas em novembro. A empresa tem hoje 300 funcionários. O conjunto de medidas, que estabelece um cenário para o setor até dezembro, também permite ao empresário estimar um crescimento de 10% a 15% para a receita deste ano, em comparação a 2008.

A prorrogação da redução das alíquotas de IPI sobre os materiais de construção está levando a fabricante pernambucana de tintas Iquine a ampliar seu quadro de funcionários em 10%. Com a contratação de 50 trabalhadores, a Iquine retorna aos níveis do ano passado. O presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção e de Olaria de Criciúma (Sindiceram), Otmar Müller, acredita que entre agosto e setembro o setor poderá realizar contratações de temporários e novas encomendas de matérias-primas como efeitos da prorrogação da isenção de IPI.

O diretor-comercial da Marcopolo para o mercado interno, Paulo Corso, acredita que a redução da taxa de juros e o aumento dos prazos de financiamento, incluídos no pacote do governo, devem "alavancar" as vendas de ônibus no segundo semestre. A expectativa é que os negócios retornem a um nível próximo ao observado na primeira metade de 2008, antes da crise. No primeiro trimestre de 2009 a produção de carrocerias no país caiu quase 37% sobre 2008. O diretor de relações governamentais da Ford para América do sul, Rogelio Golfarb, também considera que a redução do IPI mostrou-se eficaz para estimular as vendas de automóveis no segundo trimestre e deve ajudar a manter a demanda aquecida no terceiro trimestre.

O presidente da distribuidora de aço Rio Negro, Carlos Loureiro, afirma que a redução do IPI para automóveis ajudou a dirimir a queda na produção de aço no país, de 35% no acumulado até maio. Para o setor siderúrgico, porém, a recuperação de grandes demandantes como os setores de caminhões, bens de capital e infraestrutura é fundamental para reverter esta queda.