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Empresas vão à universidade para inovar

Gazeta Mercantil - 25/08/2008

A Petrobras inaugurou na semana passada um novo laboratório de pesquisas dentro da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O projeto, que faz parte de um programa maior criado pela estatal em 2006 com objetivo de incentivar a pesquisa acadêmica e a troca entre universidade e empresa, ilustra bem o movimento das indústrias em busca do conhecimento. O projeto de Redes Temáticas desenvolvido pela Petrobras possui quatro vertentes: automação, instrumentação, controle e otimização de processos. Todo o recurso utilizado é sustentado pela norma de investimento em P&D, que prevê a obrigatoriedade de aplicação de 1% da receita bruta de cada poço da empresa que produza cerca de 100 mil barris por dia. Com isso, dentro do investimento deste ano, a previsão é aplicar nas 38 redes temáticas cerca de R$ 400 milhões (US$ 254,8 milhões), variando de acordo com a produção. Na USP, entre os anos de 2006 e 2009 o montante deve chegar a R$ 12 milhões (US$ 7,64 milhões). "Agora que a ANP (Agência Nacional de Petróleo) abriu a possibilidade para investimento também em infra-estrutura, nós ampliamos os recursos para aplicação em aparelhamento e expansão física dos laboratórios", explica. Assim, cerca de R$ 4 milhões (US$ 2,6 milhões) serão aplicados em dois laboratórios da Poli-USP, sendo um Centro de Excelência em Tecnologia de Aplicação de Automação Industrial (Cetai) e outro Laboratório de Analisadores em Linha de Processos (que avalia em tempo real os processos industriais). Este programa da Petrobras é só uma amostra do que vem sendo feito em todo o País entre empresas e universidades em busca da inovação. As novas tecnologias são consideradas vitais atualmente para a indústria. Desde 2006, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) tem feito esforço para aproveitar todas as oportunidades de pesquisas das universidades unindo aos interesses das empresas. Nesta nova base, já foram firmados acordos que somados chegam próximos a R$ 200 milhões (US$ 127,4 milhões). Um deles foi fechado com a petroquímica Braskem, no valor de R$ 50 milhões (US$ 31,8 milhões) pelo prazo de cinco anos, cujo objetivo é desenvolver e apoiar projetos de pesquisas científicas e tecnológicas com foco em processo álcool químico para substituição do petróleo por etanol no desenvolvimento de polímeros verdes. Outro acordo importante no valor de R$ 100 milhões (US$ 63,7 milhões) também por cinco anos foi fechado com a indústria de bens de capital Dedini. Os recursos, divididos meio a meio com a entidade, serão destinados exclusivamente às propostas voltadas para processos industriais para fabricação de biocombustíveis. A aposta em bioenergia é tanta que a Fapesp anunciou em julho o Programa de Bioenergia (Bioen), que apoiará a pesquisa, básica e aplicada sobre biocombustíveis, num valor total de R$ 73 milhões (US$ 46,5 milhões). O programa agrega pesquisas ligadas ao acordo com a Braskem, Dedini e Oxiteno, outra gigante da área química que também está apostando na pesquisa de novas matrizes energéticas.