08/05/18 11h50

Empréstimos de agência de fomento de SP sobem 34%

Valor Econômico

Apesar da dança dos indicadores, números referentes a investimentos de longo prazo mostram que segue inabalável a confiança na retomada do crescimento, pelo menos em São Paulo. Segundo a Desenvolve SP (Agência de Desenvolvimento Paulista), desembolsos concedidos a pequenas e médias empresas e também a municípios subiram 34% no primeiro trimestre, em relação a igual período de 2017. No total, foram injetados R$ 104,8 milhões na economia.

"Digamos que é a reação da sobrevivência após o fim de uma profunda recessão. Muitos desses empresários, inclusive, são pessoas que perderam seus empregos e fizeram um pé de meia. Como a recolocação não é fácil, partem para um projeto próprio. É o perfil desse público de pequenos e médios", afirma Álvaro Sedlacek, novo presidente da Desenvolve SP.

A indústria paulista foi o segmento responsável por puxar o crescimento no primeiro trimestre deste ano. O aporte do setor foi de R$ 50,6 milhões contra R$ 34 milhões ano passado. Serviços vêm em seguida, com R$ 31 milhões, e depois comércio - R$ 18,4 milhões. Nos três primeiros meses de 2017, os valores para esses dois segmentos ficaram em R$ 29,9 milhões e R$ 5,7 milhões.

"Esses números que aparecem agora, na verdade, referem-se a decisões tomadas no ano passado. Mesmo diante de crises há um ponto em que você não consegue mais abrir mão de investir, sob pena de não conseguir operar, ficar sem estoque. Mas é claro que o ambiente de inflação e juros baixos configuram condições mais atraentes", observa Sedlacek.

Essa combinação de fatores motivou a pequena Tevec - que contratou mais empregados e investiu em seu produto - a tomar financiamento com a Desenvolve SP no segundo trimestre de 2017 a fim de incrementar os negócios. A empresa de serviços oferece ferramenta de inteligência artificial para planejamento de demanda para o varejo. O produto atende a mercados e lojas de conveniência.

"Empresas de bens de consumo precisam planejar vendas, campanhas, promoções e alinhar tudo isso com a disponibilidade de estoque. Tecnologia é anticíclica, ou seja, é preciso investir independentemente do cenário, porque ajuda na tomada de decisões e gestão", diz Luiz Augusto Andrade, chief operating officer da empresa.

A maior parte dos recursos solicitados à Desenvolve SP (56%) teve como finalidade ampliação e modernização. "Ao olhar o primeiro trimestre, vemos crescimento descolado em relação ao cenário brasileiro. Por que? Os projetos em São Paulo têm característica de longo prazo. Sinal de confiança mais firme na economia", diz Sedlacek.

O tíquete médio dos empréstimos tomados com a agência é de R$ 3 milhões. Para inovação, o valor médio é de R$ 1,7 milhão. Mas a busca por capital de giro continua expressiva. No total, foram desembolsados com essa finalidade R$ 46,6 milhões neste início de ano - aumento de 27% em relação aos valores dos três primeiros meses de 2017.

Houve alta também nos financiamentos voltados a projetos verdes. "Correspondem a projetos de geração de energia não poluente e eficiência energética, por exemplo. A nova geração de investidores quer que suas companhias façam tudo dentro dos princípios sociais aceitáveis. A própria legislação hoje requer tal visão. E investir nisso é sinal de segurança", ressalta o presidente da agência.