13/10/10 14h50

EMS planeja nova fábrica para 2011

Valor Econômico

Depois de ter suas vendas turbinadas a partir do fim deste primeiro semestre com as versões genéricas e similares de dois importantes medicamentos que tiveram suas patentes expiradas - Viagra e Lipitor, ambos da Pfizer -, o laboratório nacional EMS, o maior do país, deverá erguer sua terceira fábrica no Brasil a partir de 2011. O local e o valor que será injetado nessa futura unidade serão definidos até o fim do ano, mas esses aportes já estão incluídos nos cerca de R$ 500 milhões (US$ 294 milhões) que a empresa pretende investir no ano que vem no país. Ao Valor, Waldir Eschberger Jr., vice-presidente de mercado da companhia, disse que essa terceira unidade será voltada para desenvolver medicamentos para tratamento de doenças respiratórias, como parte de acordos fechados de transferência de tecnologia entre a EMS e os governos de Cuba e da China.

Com uma postura agressiva nos últimos meses nos segmentos de genéricos e similares, a estratégia da EMS este ano concentrou-se em avançar sobre os medicamentos "blockbusters" (campeões de vendas) de multinacionais líderes no mercado. A meta da EMS é abocanhar uma fatia de R$ 1,6 bilhão (US$ 941,2 milhões), estimada com o fim da patente de importantes medicamentos entre este ano e 2011. Desde o fim de junho, o laboratório recebeu aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para comercializar as versões genéricas e similares do Viagra, que combate disfunção erétil. E desde agosto, vende o genérico do Lipitor, que trata colesterol elevado. A partir do próximo dia 15 começa a distribuir o similar desse remédio, com a marca Lipisat.

Agora, o plano do laboratório nacional é colocar no mercado o valsartana (combate hipertensão), da Novartis, que negocia o produto com a marca Diovan, e Seroquel (esquizofrenia), da Astrazeneca. Outros dois novos medicamentos genéricos e similares deverão ser lançados a partir de 2011, segundo Eschberger Jr. As decisões tomadas neste ano estão dentro da meta traçada pela companhia no fim do ano passado. Entre janeiro e julho, a EMS registrou receita de R$ 1,8 bilhão (US$ 1,1 bilhão), crescimento de 35% em relação ao mesmo período do ano passado. No mesmo período, a companhia vendeu 128 milhões de unidades (caixas de remédios), o que representa uma expansão de 26% em relação ao ano passado. A expectativa da farmacêutica é elevar o faturamento em 30% este ano, na comparação com 2009, que ficou em R$ 2,45 bilhões (US$ 1,24 bilhão).

As unidades de Hortolândia (SP) e São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, receberam aportes, com aquisição de novas máquinas, permitindo elevar de 30 milhões para 40 milhões de unidades/mês a partir deste mês a produção de medicamentos. Embora tenha o foco ajustado para genéricos e similares, a empresa também quer avançar no segmento de medicamentos com prescrição médica. A farmacêutica decidiu reforçar sua área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), com a contratação do executivo Tobias Henzel para assumir o cargo de diretor dessa divisão na empresa. O executivo, egresso da Sandoz, braço de genéricos da suíça Novartis, chega com a missão de liderar uma equipe de 200 pesquisadores, fortalecer a política de inovação da companhia, coordenar o desenvolvimento de novos medicamentos e garantir a manutenção do maior portfólio de produtos farmacêuticos do Brasil.

Com o mercado inflacionado por conta do interesse das multinacionais em comprar laboratórios do país, Eschberger afirmou que a empresa está de olho em aquisições, mas não tem urgência. Os planos de internacionalização também continuam no radar da companhia, mas seguem um ritmo mais lento, considerando que o mercado interno para a farmacêutica este ano foi o principal alvo.