03/07/08 10h54

Energias do Brasil estuda geração a partir da cana-de-açúcar no país

Valor Econômico - 03/07/2008

A energia gerada a partir da biomassa oriunda da produção de álcool e açúcar no país estão na mira da Energias do Brasil. Holding do grupo português EDP e que controla ativos de distribuição, comercialização e geração no país, a companhia pretende firmar parcerias com usinas para ter acesso ao potencial energético desse setor, que não é pequeno. Segundo fontes do setor sucroalcooleiro, o Brasil poderia gerar pelo menos 6 mil megawatts (MW) a partir do etanol, o que equivaleria às duas hidrelétricas do rio Madeira. Um dos primeiros módulos seria instalado na cidade de Nova Andradina (MS), que o grupo português admite estar em fase de formatação. A região de Nova Andradina é considerada a nova fronteira para cana e vários grupos, incluindo multinacionais, deverão erguer novas unidades produtoras e todas elas com projetos de co-geração. António Pita de Abreu, diretor-presidente da Energias do Brasil, observa que um dos pontos fundamentais é garantir o suprimento da biomassa. Por isso, a empresa quer ter uma participação, mesmo que minoritária, no negócio de produção de etanol. Várias usinas de açúcar e álcool estão sendo procuradas por grandes companhias de energia para firmar parcerias em co-geração a partir do bagaço de cana. O Valor apurou que a Cosan deverá se reunir com a Energias do Brasil para discutir uma possível parceira em co-geração. Nos últimos anos, a companhia investiu R$ 420 milhões (US$ 262,5 milhões) para aumentar a capacidade de suas usinas. Nos últimos leilões realizados pelo governo, o grupo já vendeu 120 MW, mas o seu potencial pode chegar a 1.000 MW. O grupo está construindo três novas unidades, todas elas com projeto de co-geração, no sudoeste de Goiás. E a intenção da Cosan é fazer aportes de R$ 3,5 bilhões (US$ 2,2 bilhões) em co-geração em suas usinas nos próximos anos. A tacada em co-geração não é única investida do grupo português no Brasil. Além de descartar sua presença em grandes projetos hidrelétricos, como a usina de Belo Monte que deverá ir a leilão em 2009, o executivo do grupo no país conta que busca incrementar no país projetos de fonte eólica, de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e também de hidrelétricas com capacidade ao redor de 400 MW. A Energias do Brasil ainda estuda construir duas termelétricas a gás natural no país. Recentemente, a empresa pagou R$ 51 milhões (US$ 31,9 milhões) para comprar a Central Nacional da Energia Elétrica (Cenaeel), herdando dois parques eólicos e uma carteira de 70 MW em projetos desse tipo de energia. Juntas, já geram 14 MW.