06/01/11 14h36

Ensino a distância prevê crescer 8% em 2011 e passar dos US$ 1,3 bilhões

DCI

Depois de uma pausa em 2009, gerada também pela crise financeira, 2010 terminou com ampla expansão do ensino particular. Entre os carros-chefe deste dado, destaca-se o ensino a distância (EAD), que fechou 2010 com cerca de 973 mil alunos, 30% de todos os universitários de instituições particulares, e movimentou cerca de R$ 2,2 bilhões (US$ 1,3 bilhão) em 2010. Para 2011, a expectativa, de acordo com a Associação Brasileira de Ensino a Distancia (Abed) é obter um crescimento de 8%, o que representaria uma injeção de R$ 176 milhões (US$ 103,5 milhões) na movimentação do segmento. "Fechamos 2010 com um amplo reconhecimento de o que é e para que serve o ensino a distancia, e aposto em 2011 como o grande ano da consolidação do segmento", afirmou Renato Bulcão, diretor da Abed.

O Brasil, que hoje conta com 7 milhões de universitários, de acordo com números recentes do Ministério da Educação (MEC), já possui 4 milhões deles no ensino particular, e 973 mil no EAD. "O objetivo do MEC é chegar a 15 milhões de universitários em uma média de 10 anos e, na minha opinião, esse número só será consolidado com a inserção ampla de alternativas em EAD, tanto pelo preço da mensalidade e facilidade de acesso, quanto pelo gradual crescimento da inserção da população brasileira no mundo digital", afirmou Luiz Gomes Santos, analista de mercado educacional da agência Educom. A chegada de uma nova geração, criada em meio a equipamentos eletrônicos, também é um grande diferencial para o EAD em 2011. "Este ano marca a chegada à universidade de crianças que já cresceram com contato com o computador, seja em lan house ou em casa; esse aluno chegou à faculdade e já vem livre de preconceito para com qualquer contato virtual", afirmou Bulcão.

2010 foi um ano de grande retomada da agenda de fusões e aquisições no segmento de educação particular; a queda do nível de desemprego e aumento da renda média da população foram o motor do setor em 2010, proporcionando a expansão do setor, principalmente no EAD. "Para 2011, as perspectivas permanecem positivas. A continuidade do ambiente econômico favorável e o maior acesso a crédito estudantil deverão impulsionar a captação, reduzir a inadimplência e evasão e favorecer a retenção de alunos", afirma Gomes, que lembra que o Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), que baixou o juros para o crédito do universitário de 9% ao ano para 3,4%, também será decisivo para o aumento do número de alunos.

Primeira universidade a abrir seu capital em bolsa, a Anhanguera vem de uma franca expansão em 2010, e o ritmo deverá ser mantido em 2011. A oferta pública de ações da universidade, que captou R$ 844,1 milhões (US$ 496,5 milhões), fez com que o grupo se tornasse a maior compradora de universidades brasileira. A crescente participação da Anhanguera nos negócios de ensino a distância também é destacada pelo analista, que afirma ser esta a aposta de baixo investimento e amplo retorno.

A Estácio Participações, também de capital aberto, depois de mudar a sua base acionária, usou 2010 para focar na reestruturação administrativa do grupo. Em dezembro, o grupo anunciou o recebimento de um empréstimo de US$ 30 milhões do International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial. O financiamento, que terá prazo total de dez anos, será destinado principalmente a aquisições de empresas, além de expansão e aperfeiçoamento de unidades já existentes. Para Gomes, a iniciativa da Estácio também terá grande enfoque no ensino a distância.

O analista lembrou ainda que universidades como Metodista e Fundação Getúlio Vargas (FGV) seguem na linha de frente em investimentos e tecnologia. "Universidades como estas trazem credibilidade ao segmento, e força do mercado para investir." Não são apenas os pretendentes a ingressar em uma universidade que optam pelo EAD. Pesquisa recente da Abed apontou que cerca de dois milhões de alunos fizeram algum curso a distância em 2010, sempre indicados pelas empresas em que trabalham.