31/08/09 10h23

Ensino técnico atrai investimentos privados

Valor Econômico

Um adulto com idade entre 25 e 35 anos, formado até o ensino médio, que tem um trabalho não especializado e, com ele, ganha de R$ 500 (US$ 270,3) a R$ 700 (US$ 378,4) mensais. Esse é o perfil sócio-econômico que Marcelo França identificou entre os alunos de sua escola técnica, o Instituto Transforma, em Osasco (SP). À descrição resumida, somam-se ainda duas características que explicam porque esse adulto escolheu o ensino técnico: ele quer melhorar o padrão de vida, mas tem renda ou formação insuficientes para acessar a educação superior.

Neste mês, França adquiriu por valor não divulgado a segunda escola, a Enfermap, em Piracicaba (SP). Até o fim de 2009, a ideia é fazer mais uma aquisição e inaugurar outra unidade. Para os próximos cinco anos, o empresário planeja ter uma rede de escolas técnicas - o modelo de rede já é comum na educação superior, sistemas de ensino e cursos livres.

Desde o início deste ano, o projeto também deixou de ser pessoal e foi para o guarda-chuva da Performa Partners, outra empresa fundada por França e os executivos Joel Korn e Mark Essle, especializada em desenvolver negócios de pequeno e médio porte. "O ensino técnico é a ponte para que alguém sem qualquer especialização tenha uma profissão regulamentada", diz França. Segundo ele, os ganhos mensais após a formação técnica - também chamada de educação profissional de nível médio - podem crescer 50%. A mensalidade, por sua vez, é de cerca de R$ 200 (US$ 108) , menos do que custa a maioria dos cursos superiores.

A Microcamp, rede de escolas de cursos livres de computação e idiomas, entrou no ensino técnico há três anos. De suas 55 escolas próprias - excluem-se franquias -, 50 oferecem formação em informática ou de tradutor/intérprete a dois mil alunos. "O mercado absorve rapidamente quem tem curso técnico", diz Julio Cesar Andreolli, diretor da área. Para 2010, a empresa aguarda autorização do Ministério da Educação (MEC) para criar um curso de montagem de hardware.

A formação técnica também é alvo de iniciativas governamentais. Na esfera federal, o número de escolas de educação profissional era de 144 em 2007 e hoje é de 214 unidades. Outras 132, segundo o MEC, serão erguidas até o fim de 2010, com investimento total previsto de R$ 1,1 bilhão (US$ 594,6 milhões). Parte dos recursos, contudo, também se destina à formação superior tecnológica, vista, em alguns casos, como concorrente do ensino técnico de nível médio. Outras ações do MEC são os cursos profissionais à distância - 50 mil vagas em 2009 e previsão de 200 mil em 2010 - e repasses aos Estados para investimento no segmento - R$ 500 milhões (US$ 270,3 milhões) desde 2007. Um total de 690 mil alunos estavam matriculados em cursos técnicos em 2007. Metade, contudo, ainda está na modalidade privada, que inclui as escolas do "sistema S" (formado por Sesc, Senai, Senac, Sebrae e Sesi).