19/07/10 12h10

Estrangeiro já aplica US$ 12 bi em juros

O Estado de S. Paulo

Capitaneado pela diferença de juros entre o Brasil e o resto do mundo e pela segurança com que o País é visto hoje no exterior, o investimento estrangeiro em títulos de renda fixa brasileiros disparou. Entre janeiro e maio, foram US$ 12,1 bilhões, o segundo maior valor da década para o período. O fluxo só é inferior aos US$ 12,3 bilhões de 2007. Os dados, compilados pelo Banco Central (BC), incluem papéis emitidos pelo governo e por empresas (debêntures, commercial papers, etc).

Esse é um dos fatores que ajudam a explicar o bom desempenho do real no mercado internacional de câmbio, a despeito do ambiente global repleto de incertezas. Até a última quarta-feira, a moeda brasileira era a que apresentava a terceira maior valorização ante o dólar no acumulado do ano, atrás apenas do iene japonês e do peso mexicano. Comparando o real a uma cesta de 11 moedas (como o rand sul-africano e o dólar australiano), percebe-se que está no nível mais alto desde o início do segundo semestre de 2008, pouco antes da quebra do banco Lehman Brothers.

"Há 16 anos que faço road shows (viagens internacionais para "vender" Brasil) e essa é a primeira vez que venho exclusivamente para trabalhar renda fixa. Geralmente, a demanda maior é por ações", relata o responsável pela área de pesquisa em renda fixa do Bradesco BBI, Dalton Gardiman. Ele conversou com o Estado na sexta-feira, de Nova York, onde completava um road show de duas semanas nos EUA. Hoje, ele viaja para a Europa para executar trabalho semelhante. Os principais interlocutores de Gardiman são gestores de bilionários fundos de investimento americanos e europeus. Em síntese, eles estão em busca de rentabilidade e segurança. Duas condições que o Brasil atende integralmente nos dias de hoje.

Em meados de 2008, o País conquistou o grau de investimento, selo de qualidade concedido por agências de classificação de risco de crédito que indica que se trata de um lugar seguro para investir. Se não bastasse isso, o Brasil paga a maior taxa de juros do mundo. Descontada a inflação, está na faixa de 4,5% ao ano - e deve subir um pouquinho mais nesta semana, porque o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar o juro básico (Selic) na quarta-feira.