15/10/08 16h08

Etanol estimula investimentos no porto de São Sebastião

Valor Econômico - 15/10/2008

O porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, deverá receber investimentos da ordem de R$ 5 bilhões (US$ 2,27 bilhões) nos próximos quatro anos, a maior parte destinados à infra-estrutura logística para o etanol. Parte desses aportes será para a construção de um terminal de álcool interligado a um alcooduto, afirmou ao Valor Frederico Bussinger, presidente da Companhia Docas do Porto de São Sebastião. O pedido de licença ambiental foi feito em julho e as licitações deverão ocorrer a partir do segundo semestre de 2009. O porto de São Sebastião hoje não escoa nenhuma gota de álcool, mas muitas empresas do setor sucroalcooleiro consideram o local estratégico para exportação, uma vez que o porto de Santos, o maior da América Latina, está com capacidade instalada praticamente no seu limite. Três projetos para construção de alcoodutos foram anunciados no país, mas nenhum ainda saiu do papel. Cada projeto de alcooduto está estimado em cerca de US$ 1 bilhão. Sem "vocação agrícola", o porto de São Sebastião tenta aos poucos diversificar seus negócios. Tradicionalmente, o porto de São Sebastião exporta granéis sólidos, sobretudo barrilhas (matéria-prima para detergentes) e sulfato, além de automóveis. No curto prazo, parte dos investimentos começará a ser feita, com aporte entre R$ 1,5 bilhão (US$ 681,8 milhões) e R$ 1,7 bilhão (US$ 772,7 milhões) dos R$ 5 bilhões (US$ 2,27 bilhões) totais projetados, destinados para dragagem, aterros e tancagens. Outros R$ 880 milhões (US$ 400 milhões) serão aplicados no projeto de construção de um duto, ligando Paulínia a São Sebastião, com extensão de 253 quilômetros. Esse duto será responsável pelo escoamento do álcool que chega a Paulínia até o porto. Já os investimentos no terminal e na infra-estrutura para etanol deverão ser feitos a partir do segundo semestre de 2009, quando as licitações poderão ser realizadas. Aportes pesados também deverão ser aplicados na construção de uma rodovia com 25 quilômetros de extensão entre Caraguatatuba e São Sebastião, o que facilitará o acesso de caminhões ao porto. Além dos investimentos em etanol, o porto de São Sebastião deverá receber aportes para atender as atividades da área de "off shore" e contêineres. A idéia é que São Sebastião se torne também plataforma logística na exploração das novas descobertas do campo de Tupi e do gás no campo do Mexilhão e ainda sirva como alternativa no Estado, sobretudo, para cargas do Vale do Paraíba e interior paulista, desafogando o gargalo do sistema portuário brasileiro.