10/05/13 15h33

Evonik elege Brasil para expandir na AL

Valor Econômico

O grupo alemão Evonik, um dos maiores produtores globais de especialidades químicas, vai construir no Brasil uma fábrica para a produção de sílica, uma das principais matérias-primas para produção de borracha, consumida em larga escala pelas indústrias de pneus. A nova unidade, que será instalada em Americana (SP), vai entrar em operação em 2015.

Esse investimento faz parte um ciclo de expansão da multinacional na América do Sul, com aporte total de € 200 milhões. No ano passado, a companhia já tinha anunciado a construção de duas unidades no país - uma para a produção de insumos para as indústrias de cosméticos, também em Americana, e outra em Castro (PR), de aminoácidos para o setor de nutrição animal, ambas com o início das operações previsto para 2014. A planta do Paraná será ao lado do complexo industrial da Cargill. Na Argentina, a empresa inaugura este ano uma fábrica de catalisadores para biodiesel. Com esses investimentos, o grupo terá cinco unidades no país.

Ao Valor, o presidente global da multinacional, Klaus Engel, afirmou que o Brasil se tornou estratégico entre os países emergentes. "Todo mundo fala do potencial dos países asiáticos, como a China, mas a América Latina se mostrou uma região com grande potencial de mercado, sobretudo depois a crise financeira global", disse.

A nova fábrica de sílica será a primeira do grupo fora da Europa e dos EUA. "Boa parte desse insumo será voltado para a produção de borracha para pneus, que tem forte demanda no Brasil", disse o executivo. A produção será destinada para a fabricação dos chamados "pneus verdes", que reduzem o consumo de combustível. Esse tipo de pneu tem demanda firme no mercado global, com taxas de crescimento anuais de 18% nos próximos cinco anos, disse.

A capacidade da fábrica ainda não foi definida, pois o projeto está em fase inicial. No mundo, o grupo tem uma capacidade de cerca de 500 mil toneladas por ano. Entre 2010 e 2014, a Evonik tem investimentos programados para elevar em 30% sua produção mundial.

Afetada pela crise global, a empresa tem reforçado suas apostas em mercados emergentes. O Brasil tornou-se o principal alvo na América Latina. A expectativa é de que a região salte de um faturamento da ordem de € 850 milhões em 2012 para € 1 bilhão em 2016. A meta é atingir € 2 bilhões em receita em 2020 na América Latina (excluindo México). No ano passado, a Evonik encerrou com receita global de € 13,6 bilhões.

Embora o Brasil já não esteja entre as nações mais competitivas em custos de produção, Engel disse que o país tem importância estratégica. "Quando se pensa a longo prazo, outros fatores são levados em consideração, além dos custos [que envolvem energia e mão de obra, sobretudo]." Neste ano, a empresa completa 60 anos no país. Com duas unidades em produção - uma delas, instalada em Barra do Riacho (ES), produz peróxido de hidrogênio; a outra, em Americana, catalisadores químicos.

O grupo tem ainda laboratórios no país. Engel, que aproveita sua passagem por aqui para participar do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, esteve ontem no colégio paulistano Visconde de Porto Seguro. A Evonik (ex- Degussa) cedeu tecnologia ao colégio para a implementação do projeto "Cyber-Classroom", que utiliza recursos tridimensionais para tornar o processo de aprendizagem mais dinâmico.