26/03/10 11h38

Exemplo latino-americano

Agência FAPESP

Encerrada nesta quinta-feira (25/3), a Convenção Latino-Americana do projeto Global Sustainable Bioenergy (GSB) destacou, entre outras conclusões, que a produção de bioenergia na América Latina é especialmente eficaz em termos de sustentabilidade e tem grande potencial de expansão sem implicar no comprometimento da segurança alimentar, do meio ambiente ou da biodiversidade. O evento, realizado na sede da FAPESP, em São Paulo, foi a terceira convenção realizada pelo Projeto GSB, depois de reuniões ocorridas na Holanda e na África do Sul. Mais duas convenções estão marcadas, para junho, na Malásia, e julho, nos Estados Unidos. O objetivo principal é fornecer uma plataforma para oportunidades, desafios e preocupações regionais e transnacionais relacionados à bioenergia.

Na sessão de encerramento, os organizadores manifestaram que o continente latino-americano provou ter potencial para assumir um importante papel no fornecimento de biocombustíveis para a crescente demanda local e global. As produções de etanol no Brasil e de biodiesel na Argentina foram apontadas como experiências bem-sucedidas de uso da bioenergia para um desenvolvimento sustentável. De acordo com o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, a convenção realizada no Brasil obteve sucesso ao levar à comunidade científica internacional envolvida com o Projeto GSB a visão dos brasileiros e latino-americanos sobre as grandes oportunidades que os biocombustíveis podem representar.

O presidente do comitê diretor do projeto GSB, Lee Lynd, professor de biologia do Dartmouth College (Estados Unidos), lembrou que o Brasil representa metade da bioenergia produzida na América Latina. "E o mais impressionante é que o país ainda tem muito a crescer nesse setor. Mas talvez fosse melhor que alguns de seus vizinhos também mantivessem a produção de biocombustíveis para trocar produtos e tecnologias", afirmou. Segundo ele, o país tem um papel de liderança na pesquisa, na produção e na implementação de sistemas de bioenergia. "O uso de bioenergia no Brasil e nos Estados Unidos não têm paralelo no mundo. Mas os Estados Unidos são mais defensivos ao analisar mecanismos de sustentabilidade", disse Lynd.

O comitê responsável pela organização da convenção latino-americana do GSB prepara uma resolução a respeito da importância, do papel e do desenvolvimento da bioenergia sustentável no continente, que será divulgada na próxima semana. Segundo os organizadores, o evento em São Paulo foi particularmente enriquecedor para os participantes de outros continentes. Por meio das apresentações, feitas por cientistas respeitados na área, o público presente teve a oportunidade de obter um "raio X do estado da ciência sobre os biocombustíveis no Brasil", apontou Brito Cruz.

Lynd ressaltou que as reuniões do Projeto GSB estão formando rapidamente uma integração entre os cientistas envolvidos no esforço internacional pela produção de bioenergia em larga escala. Para Brito Cruz, a reunião contribuiu para responder ao principal desafio proposto pelo GSB: confirmar a hipótese de que é possível substituir 25% do petróleo utilizado no setor de transportes por biocombustíveis, sem comprometer a produção de alimentos e os habitats naturais.

As apresentações realizadas na convenção do GSB e mais informações sobre o projeto estão em: www.fapesp.br/gsbt