16/12/10 11h08

Exportação em receita deve dobrar até 2020

Valor Econômico

As receitas com exportação da indústria nacional de celulose e papel vão dobrar nos próximos 10 anos, atingindo a marca de US$ 13 bilhões, de acordo com projeção da Bracelpa, entidade que representa o setor no país. Para que esse número seja alcançado, contudo, é necessário que se cumpra a previsão de investimento de US$ 20 bilhões até 2020, em projetos anunciados pelas companhias, e sejam ao menos contornados alguns dos desafios já conhecidos da indústria, como gargalo logístico, câmbio e incidência de impostos sobre investimentos produtivos.

Para o curto prazo, os prognósticos também são positivos e os mesmos fatores são apontados como potenciais obstáculos ao ritmo de crescimento do setor. "Nossa visão é cuidadosa e cautelosa, porém otimista, tanto do ponto de vista mundial quanto de Brasil", afirmou o presidente do conselho deliberativo da Bracelpa, Horácio Lafer Piva.

Neste ano, a produção brasileira de celulose, a maior parte de fibra curta, deve alcançar 14 milhões de toneladas, uma alta de 5,1% na comparação anual, volume que coloca o país na quarta posição do ranking mundial de produtores da matéria-prima. No segmento de papel, a produção nacional deve ficar em 9,8 milhões de toneladas, uma alta de 3,4% ante 2009. Outra boa notícia, de acordo com a presidente da Bracelpa, Elizabeth de Carvalhaes, veio na linha das receitas com exportações, que no ano passado foi duramente afetada pela drástica queda nos preços internacionais da celulose. Em 2010, o embarque de matéria-prima deve trazer ao país US$ 4,7 bilhões, com crescimento de 41,2%.

Outra novidade apontada pelo balanço do setor em 2010 foi o mapa das vendas externas. Embora Europa permaneça como principal destino da fibra produzida no país, com fatia de 46%, a participação é inferior à verificada no passado. América do Norte, com 18%, perdeu a histórica segunda posição nesse ranking para os chineses, que neste ano devem responder por 24% da celulose exportada pelo Brasil.

Sobre o novo ciclo de investimentos, Elizabeth destacou que, além de possibilitar que as receitas da indústria com exportação dobrem até 2020, haverá incremento de 1 milhão de hectares nas áreas plantadas no país, para 3,2 milhões de hectares. A produção de celulose, em 10 anos, deve saltar 57%, para 22 milhões de toneladas, e a de papel deve subir 30%, para 12,7 milhões de toneladas. "Os planos estão anunciados. Mas é preciso eliminar certos obstáculos para que as empresas continuem interessadas em investir e esse cenário se concretize", afirmou.