29/10/10 11h04

Eztec mostra como crescer com gestão familiar

Valor Econômico

Todas as segundas e sextas-feiras, o almoço do primeiro escalão da construtora Eztec tem endereço certo: a casa do patriarca e fundador da empresa, Ernesto Zarzur. Todos os diretores, a maioria deles da família, alguns gerentes e até outros funcionários são convidados para saborear pratos típicos da culinária libanesa. Aos 76 anos, 60 no mercado imobiliário, o ativo empresário - trabalha de segunda a sexta e nos fins de semana visita os plantões - hoje preside o conselho de administração da Eztec, uma companhia listada em bolsa. E seus sócios têm motivos para festejar. A margem líquida de 43,6% no terceiro trimestre, quase três vezes a média do setor.

É nesse ambiente agregador e literalmente familiar, com uma típica administração à moda antiga, que Zarzur ainda dá as diretrizes da empresa que fundou há 30 anos. O grupo controlador tem 70,9% da empresa - 27,5% das ações estão no mercado. E é a sua personalidade, inquieta, conservadora e extremamente exigente, que molda a gestão. O dono das cobranças é um senhor de fala firme e ao mesmo tempo carinhoso - um dos filhos entra na sala e o cumprimenta com um beijo - que impressiona pela familiaridade que tem com números e detalhes dos projetos.

Quando a Eztec entrou na bolsa, tinha patrimônio de R$ 180 milhões (US$ 93,3 milhões) entre terrenos, obras e dinheiro do controlador, mas ganhou fôlego com a injeção de capital de R$ 540 milhões (US$ 279,8 milhões) que recebeu do mercado em junho de 2007. Até fazer a abertura de capital, Zarzur nunca tinha feito um único empréstimo para a empresa. E não tinha sequer ficha cadastral em banco. Continua avesso a dívidas e nunca emitiu debênture. No terceiro trimestre, a dívida total fechou em R$ 56 milhões (US$ 33 milhões) para patrimônio líquido de R$ 1,094 bilhão (US$ 643,5 milhões).

A Eztec está na contramão do resto das companhias abertas em vários sentidos: não está na baixa renda - atua para classe média e alta - e não apostou na diversificação geográfica - concentra seus negócios na cidade de São Paulo. Praticamente só compra terrenos à vista - para não dividir o lucro - e só aceita permutas em casos excepcionais. No terceiro trimestre surpreendeu com margem bruta de 52,1% para uma média de 32% do setor no segundo trimestre.