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Fábrica de vacinas da Novartis terá plataforma flexível de produção

Valor Econômico - 04/03/2009

A bióloga Gláucia Vespa afirma não ter medo de agulha. Ela diz adorar o mundo de vacinas e a área de imunologia, campo que escolheu para desenvolver seu doutorado e pós-doutorado. "Produzir vacina é algo muito difícil e complicado; é como fazer uma champagne ou um vinho", conta. Depois de passagens pela Sanofi-Pasteur e GlaxoSmithKline, além de ter sido consultora de Bio-Manguinhos/Fiocruz e a Fundação para o Remédio Popular (FURP), Gláucia foi a escolhida há um ano para montar a área de vacinas da farmacêutica Novartis no Brasil, um mercado no qual o laboratório faz suas apostas no mundo, depois da compra da americana Chiron. Está sob responsabilidade de Gláucia a liderança no país do projeto de instalação de uma fábrica em Pernambuco, no município de Goiana, a 60 quilômetros do Recife, anunciada no fim de 2007. O investimento é estimado entre US$ 300 milhões a US$ 500 milhões, cuja operação inicial está prevista para 2013.  A fábrica projetada pela empresa deverá produzir um tipo de vacina bacteriana baseada na tecnologia de glicoconjugação, considerada por especialistas como um dos modos mais eficazes no combate de doenças. "Essa tecnologia garante uma plataforma flexível, permitindo a fabricação de várias vacinas", diz a diretora da Novartis. Segundo ela, pesquisas que vem sendo desenvolvidas pela companhia poderão ser trazidas para a produção nesta fábrica. A empresa só possui unidades de produção de vacinas equivalente à que será erguida no país na Alemanha, Itália e Estados Unidos - esta última está recebendo um aporte de dinheiro do governo americano. As pesquisas de glicoconjugação começaram a ser desenvolvidas no fim dos anos 30, mas as primeiras vacinas só ganharam mercado na década de 90. Essas vacinas são capazes de proteger ativamente os indivíduos sob o risco imediato do desenvolvimento de doenças bacteriana, como meningite pneumocócica. Poucos fabricantes no mundo são capazes de produzi-las. A expectativa da Novartis é validar os primeiros lotes pilotos de vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2013 e buscar a qualificação da unidade na Organização Mundial de Saúde (OMS), o que poderá qualificá-la para a venda de vacinas ao exterior. "A fábrica combina com a estratégia global da Novartis de não só atender a demanda do governo brasileiro como também de exportação", disse.