24/08/15 14h15

Fábrica será reativada em setembro

Valor Econômico

Ao mesmo tempo em que promoveu mudanças nas áreas administrativa e financeira, a Unigel revisou seu portfólio e está ampliando a aposta em mercados que oferecem retorno atraente, como o de poliestireno (PS), usado principalmente na fabricação de embalagens de alimentos, eletrodomésticos, construção civil e eletrônica.

De acordo com o principal executivo (CEO) da petroquímica, Reinaldo Kröger, a fábrica de PS instalada em São José dos Campos (SP), comprada da Basf em 2009 e desativada desde maio de 2013, será religada em setembro. A decisão de retomar as atividades decorreu do bom desempenho verificado no primeiro semestre, sobretudo com exportações, e da plena ocupação da unidade do Guarujá (SP), que tem capacidade para 120 mil toneladas por ano. Com a reativação em São José, a empresa estará apta a produzir mais 190 mil toneladas por ano (capacidade instalada).

No total, o grupo tem 12 unidades fabris, nos Estados de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul, e no México, onde produz acrilatos. A presença nesse país é considerada estratégica, por causa da proximidade com o mercado americano. O México, no ano passado, respondeu por receita de US$ 200 milhões, com 550 funcionários. No Brasil, são 1,1 mil empregados.

Neste ano, o desempenho da Unigel mostrou um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) 86% superior ao do mesmo período de 2014, informou Kröger. Somou R$ 244 milhões. A margem Ebitda, com isso, passou de 9% para 17% na mesma base de comparação. Em boa medida, o resultado reflete a melhora dos spreads de produtos petroquímicos, dados pela diferença entre os preços da matéria-prima (afetados diretamente pelas cotações do petróleo) e os do produto final. Sobretudo, no segundo trimestre.

No período, os insumos petroquímicos ficaram mais baratos, enquanto os produtos finais mantiveram-se em níveis elevados, ampliando as margens das petroquímicas. A receita líquida da Unigel, no entanto, foi de R$ 1,4 bilhão, resultado similar ao obtido entre janeiro e junho do ano passado. A companhia é a maior cliente da Braskem, que fornece propeno para a produção de acrilonitrila, matéria-prima para a produção da resina acrílica.

De acordo com Kröger, a indefinição quanto ao novo contrato de longo prazo de fornecimento de nafta da Petrobras à Braskem e o eventual reajuste dos preços dessa matéria-prima não preocupam a companhia. "Se houver aumento, isso vai pressionar a margem da Braskem", disse o executivo. A Unigel, explicou ele, tem contratos de compra de matéria-prima da petroquímica até 2020, o que garante conforto em relação às negociações atuais com a Petrobras.

Na avaliação de Henri Slezynger, presidente do conselho, que está perto de completar 80 anos e dedicou toda sua vida empresarial ao ramo petroquímico, a tendência é a de manutenção dos spreads em níveis satisfatórios e dos preços do petróleo em torno ou abaixo de US$ 50 o barril por "muito tempo". "Essa queda era previsível desde o início da exploração do gás de xisto", afirmou o empresário.