26/02/18 13h31

Fabricantes de alimentos retomam crescimento em 2017

Valor Econômico

Após dois anos de queda em produção física e vendas reais, o setor de alimentação voltou a crescer em 2017. A previsão para 2018 é de aumentos mais fortes em produção, vendas e exportações. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), as indústrias apresentaram um ganho real no faturamento de 1,01%, para R$ 642,6 bilhões.

Para 2018, a entidade prevê um avanço real de 2,6% a 2,8% no faturamento do setor - descontando a inflação, estimada em 2,7% para o ano.

"A expectativa para 2018 é de um crescimento mais forte. A inflação continua baixa. A safra agrícola ainda depende do clima, mas parece que vai ser uma boa safra. Há uma melhora no cenário macroeconômico que favorece a recuperação do consumo", afirmou Edmundo Klotz, presidente da Abia.

O executivo disse que vê como uma fonte de preocupação para este ano a evolução da situação política. "Se as eleições indicarem um caminho que não seja de renovação do quadro político, pode haver instabilidade política e isso pode acabar afetando o crescimento da economia e do setor", disse Klotz.

A Abia adota como expectativa de crescimento da economia a previsão feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1,9% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Klotz acrescentou que espera melhorias no desempenho das exportações de alimentos e recuperação do consumo no Brasil, favorecida pela inflação baixa.

Na indústria de alimentos, as categorias que mais tiveram crescimento real no faturamento no ano passado foram as de conservas vegetais, com alta de 9,06%, a cadeia do trigo (8,22%), óleos e gorduras vegetais (3,67%) e chocolate, cacau e balas (3,60%). A única categoria que apresentou queda real no faturamento em 2017 foi a de sucos, com retração de 1,28%.

 

Em volume, a produção cresceu 1,25% em 2017, após ter caído 2,90% em 2015 e 0,98% em 2016. Para 2018, a Abia prevê um crescimento entre 2,5% e 2,9%.

Já o consumo de alimentos no país cresceu 4,6% em 2017. O varejo alimentar avançou 3,8% e as vendas de serviços de alimentação fora do lar tiveram aumento de 6,2%. Para 2018, a previsão da Abia é de um crescimento real de 2,7% a 2,9% nas vendas do setor de alimentação no país.

Para as exportações, a Abia prevê embarques de US$ 39 bilhões a US$ 41 bilhões. Em 2017, as exportações somaram US$ 38,8 bilhões, com crescimento em dólar de 6,6%. "No passado, o Brasil já chegou a exportar US$ 45 bilhões por ano. Agora está em recuperação", afirmou o presidente da Abia.

A Abia também informou que os investimentos no setor recuaram 1,1% em 2017, para R$ 8,9 bilhões. No ano, houve redução nos investimentos feitos pelas indústrias de café, chás e cereais, açúcar, carne e derivados, conservas vegetais e sucos e derivados do trigo. Klotz observou que, em anos anteriores, houve mais investimentos das empresas abrindo fábricas no Norte e no Nordeste para atender essas regiões. Esse movimento não se repetiu no ano passado.

O volume de fusões e aquisições também diminuiu em 2017, chegando a R$ 9,9 bilhões, com queda de 14,7%. "O cenário político instável levou investidores estrangeiros a reduzir as compras no Brasil", disse Klotz. Ele considera pouco provável que haja aumento no volume de fusões e aquisições este ano, devido ao cenário político ainda indefinido.