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Fabricantes não conseguem atender pedidos até 2011

Valor Econômico - 14/07/2008

A demanda global por equipamentos pesados utilizados na construção civil e mineração chegou a tal ponto que os pedidos de alguns modelos, como guindastes e gruas, só poderão ser colocados a partir de 2011. Isso já afeta encomendas de empresas brasileiras. Da mesma forma, o interessado em adquirir um guindaste irá ouvir do fabricante que não há como fixar o preço final, pois as negociações com fornecedores de componentes e matérias-primas estão sendo revistas por conta da alta dos insumos básicos. Outro problema: gargalos nas linhas de produção, como o que ocorreu com os pneus para caminhões fora-de-estrada em 2007, agora são vivenciados por fabricantes de eixos e transmissão. Na visão de fabricantes como a Liebherr e Madal Palfinger, tradicionais no ramo de máquinas pesadas, o aquecimento do mercado acima das previsões pôs toda a cadeia de produção no limite da capacidade, fazendo com que a espera por alguns modelos saltasse de seis meses para três anos. De acordo com Cesar Schmidt, gerente-comercial da subsidiária brasileira da Liebherr, a maioria das 80 fábricas da empresa está em processo de ampliação de capacidade. No total, os investimentos previstos pela matriz para 2008 chegam a US$ 600 milhões. Desse valor, US$ 20 milhões serão aplicados na fábrica da empresa em Guaratinguetá (SP). O mesmo movimento ocorre na Madal Palfinger. Heberty Kaly, diretor da Madal no Brasil, informa que na linha de guindastes articulados a companhia está investindo R$ 11 milhões (US$ 6,9 milhões) no país. Com isso, pretende ampliar ainda esse ano a capacidade produtiva em até 45%. Mas mesmo com a realização de investimentos em regime de urgência, os fabricantes não podem garantir a redução da fila de espera por conta da falta de insumos e componentes. Segundo ele, a dificuldade de suprimento de componentes, aliada aos aumentos de matéria-prima como o aço especial, é o causador dos reajustes de preços ocorridos recentemente. Informações de mercado apontam para uma alta de preços dos guindastes por parte dos fabricantes de 25% nos últimos doze meses. Nesse cenário, para tentar pedidos de tradicionais clientes, Julio Eduardo Simões, proprietário da Locar, decidiu buscar esse tipo de máquinas na China. Segundo ele, verifica-se um aumento do número de obras de infra-estrutura no país e, por isso, está muito difícil conseguir encomendas nos principais fabricantes mundiais. A empresa prevê aplicar R$ 165 milhões (US$ 103,1 milhões) até o fim do ano para adquirir 80 guindastes e 27 gruas. Mais da metade do pedido é composto por equipamentos chineses justamente por causa da disponibilidade. O caso de Simões, que loca material para grandes construtoras, é similar ao de outros empresários. E isso pode ser medido pelas importações. Até maio, de acordo com os dados compilados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o número de importações de bens de capital para a construção civil cresceu 20,2% na comparação com igual período do ano passado.