21/05/14 16h52

FAPESP e agência portuguesa planejam chamada conjunta

Agência Fapesp

Com o intuito de apresentar grupos de excelência em pesquisa nas áreas de Ciências do Mar, Energias Renováveis, Inovação Tecnológica, Saúde e Biotecnologia, bem como identificar áreas de interesse comum entre pesquisadores paulistas e portugueses, foi realizado na sede da FAPESP o “Simpósio São Paulo, Brasil – Portugal – Colaboração Científica”.

O evento foi promovido pela FAPESP e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), principal agência lusitana de fomento à pesquisa. As duas instituições assinaram, em outubro de 2013, um memorando de entendimento para promover a colaboração em ciência, tecnologia e inovação. Foi acertado o lançamento de uma chamada conjunta de propostas em breve.

“A ideia é fazer um edital conjunto o mais breve possível. Pensamos que possa ser feito já, com duração até setembro, para dar tempo para as equipes conseguirem elaborar projetos conjuntos. Este workshop é o pontapé de saída. Penso que estão reunidas as condições para implementar uma fase de cooperação científica de forma a obter maior dinamismo, maior qualidade e maior impacto nas pesquisas”, afirmou Miguel Seabra, presidente da FCT.

Durante a abertura do encontro, o presidente da FAPESP, Celso Lafer, destacou a importância da parceria com Portugal. “Todos sabem que um dos pontos importantes da atividade da FAPESP nos últimos anos tem sido sua internacionalização e atribuímos a esse processo uma preferência hierárquica, tanto substantiva quanto subjetiva, aos nossos relacionamentos com Portugal. E creio que este evento é um marco nesse sentido”, destacou.

A programação teve início com uma breve apresentação da FCT feita por Seabra. Com orçamento que ultrapassa € 400 milhões ao ano, a agência financia pesquisas em todas as áreas do conhecimento.

“Em Portugal, não há outra agência pública nessa área, somente uma voltada à inovação empresarial. Gastamos praticamente todo nosso orçamento em atividades de promoção à ciência e, no momento, financiamos mais de 22 mil investigadores, 293 universidades e 26 laboratórios associados”, disse Seabra.

No painel “Energias Renováveis”, a professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) Glaucia Mendes Souza apresentou as principais linhas de pesquisa do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), do qual é membro da coordenação.

“Os desafios do BIOEN se expandem por várias frentes. Estamos desenhando novas biomassas mais dedicadas para energia, pois a cana-de-açúcar foi sendo melhorada pelo homem nos últimos 200 anos para a produção de açúcar. Agora estamos pensando em desenvolver a cana-energia, para produzir mais exajoules [medida de energia] por hectare, com menor uso de água e menor impacto ambiental”, disse Souza.

Em seguida, Mário Gonçalves Costa, apresentou a infraestrutura, os equipamentos e os projetos em andamento no Laboratório Associado de Energia, Transportes e Aeronáutica (Laeta), da Universidade de Lisboa.

O segundo painel teve como tema “Tecnologia da Informação” e contou com a participação do professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP Roberto Marcondes Cesar, que apresentou iniciativas apoiadas pela FAPESP na área de e-Science.

“Houve uma explosão na capacidade dos cientistas de capturar dados nas mais diferentes áreas e o gargalo se moveu para a capacidade de tratar esses dados de maneira a extrair conhecimento útil. Enquanto na década de 1990 um aluno de doutorado em Biologia tinha de trabalhar ao fim de quatro anos com duas planilhas de dados, hoje esse número pode chegar a 500 já no primeiro ano”, disse Marcondes Cesar.

“Essa área [e-Science] trata de problemas como esse. Nós nos preocupamos com desde a parte de aquisição de dados até a visualização e análise, e como trabalhar em conjunto com cientistas dos mais diferentes domínios de maneira a empregar técnicas de computação e matemática para apoiá-los na sua pesquisa científica”, explicou.

Ainda no segundo painel, Vladimiro Miranda, diretor do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (Inesc) – organização privada sem fins lucrativos situada na cidade do Porto –, apresentou as linhas de pesquisa em diferentes áreas, como robótica e sistemas inteligentes, diagnóstico por imagem e outros dispositivos de uso médico, veículos elétricos e economia do mar.

Miranda apresentou ainda a Inesc P&D Brasil, uma rede de cooperação que reúne mais de 10 universidades brasileiras com o objetivo de fomentar projetos multilaterais e multidisciplinares e o intercâmbio tecnológico entre os dois países.

António Branco, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, defendeu em sua apresentação a importância da união entre pesquisadores brasileiros e portugueses em pesquisas na área de processamento computacional da língua portuguesa.

“Somente isso garantirá aos falantes da língua portuguesa cidadania plena na sociedade de informação e terá impactos econômicos em inovação e internacionalização no mercado digital global”, disse.

Ciências do mar
No terceiro painel dedicado às “ciências do mar”, o professor Edmo Campos apresentou as pesquisas em andamento no Instituto Oceanográfico da USP, inclusive os projetos que contam com a infraestrutura das embarcações Alpha Crucis e Alpha Delphini, adquiridas com apoio da FAPESP.

Em seguida, Amadeu Soares apresentou os cursos de graduação e pós-graduação oferecidos no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro, bem como pesquisas em áreas como tratamento de efluentes oriundos de aquacultura marinha e aquacultura de invertebrados marinhos para fins biotecnológicos.

Augusto Barata da Rocha, da Universidade do Porto, apresentou as atividades do Oceanus – Marine Research and Innovation e firmou com Campos um memorando de entendimento para elaboração de projetos conjuntos com o Instituto Oceanográfico da USP.

O quarto e último painel teve como tema “Saúde e Biotecnologia” e contou com a participação do professor da Faculdade de Medicina da USP Jorge Kalil, que apresentou as principais atividades e produtos desenvolvidos no Instituto Butantan, do qual é diretor.

Também participaram Cláudio Soares (Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade de Lisboa), Rosa Quinta-Ferreira (Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta da Universidade de Coimbra), José Maria Albuquerque (Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge), Henrique Silveira (Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa) e Jorge Pedrosa (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho).

As apresentações realizadas no evento estão disponíveis em: http://www.fapesp.br/eventos/fct