03/12/10 11h27

Femsa vai produzir geladeira no Brasil

Valor Econômico

A fabricante de refrigerantes mexicana Femsa é uma empresa diferente da maioria. A companhia, cuja principal atividade é o engarrafamento e distribuição de refrigerantes Coca-Cola, faz desde a extração e o beneficiamento de areia para fabricação de garrafas de vidro até os refrigeradores que gelam as bebidas nos pontos de venda. Dando sequência a essa estratégia de verticalização, a Femsa inaugurou ontem em Itu, no interior de São Paulo, sua primeira fábrica de geladeiras no Brasil, a Imbera.

A nova unidade, com capacidade de produção inicial de 80 mil refrigeradores ao ano, é o primeiro empreendimento da companhia no país que não se dedica a engarrafar bebidas. No país, a Femsa é dona de quatro unidades produtoras de bebidas, em Jundiaí e Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo, em Belo Horizonte (MG) e em Campo Grande (MS).

A Femsa, segundo analistas de mercado, sabe como poucas empresas lidar bem com a verticalização. De acordo com esses analistas, a companhia sabe usar toda essa estrutura para conseguir melhor rentabilidade ao seu principal negócio - a fabricação e distribuição de bebidas - ao mesmo tempo em que consegue ter empresas que dão lucro vendendo para outros clientes, não ligados à Coca-Cola.

No Brasil, a ideia inicial é atender à demanda da Coca-Cola Brasil. "Mas poderemos e vamos vender para outras companhias de alimentos e bebidas", diz Mariano Monteiro, diretor geral da Imbera. A Coca-Cola, segundo ele, tem atualmente 400 mil geladeiras em bares, restaurante e lanchonetes em todo Brasil. "Desse total, 40 mil são da Imbera", diz Mariano Montero, diretor geral da Imbera. "Como a Coca-Cola planeja chegar a 1 milhão de geladeiras em dez anos, temos um grande mercado pela frente", acrescenta.

Está nos planos da Imbera exportar a produção de Itu para países do Mercosul. Para tanto, em 2012, segundo Fabio Chasco, gerente geral da Imbera para o Mercosul, a fábrica que custou US$ 13 milhões, receberá um investimento adicional de US$ 1 milhão e terá sua produção dobrada, chegando a 160 mil refrigeradores por ano.

Os refrigeradores da Imbera, segundo Monteiro, consomem 80% menos energia que as geladeiras comerciais fabricadas há dez anos - que são a maioria presente nos pontos de venda brasileiros. Essa tecnologia, segundo ele, foi desenvolvida pela Imbera. "Usamos um material nos ventiladores do motor e do interior da geladeira, por exemplo, que não acumula pó. Sem pó, o motor funciona gastando menos", diz Chasco. Ele explica que as geladeiras Imbera têm sensores para produzir mais frio somente quando a temperatura interna sobe. O refrigerador também é programado para funcionar em um modo mais suave durante à noite.