12/01/11 10h52

Ferrovia levará 50% mais açúcar a Santos

Valor Econômico

O porto de Santos promete dar um salto rumo à diminuição do desequilíbrio da matriz de transporte do açúcar, que é uma carga líder em exportação e que chega ao porto fortemente apoiada no modal rodoviário. Das quase 89 milhões de toneladas movimentadas de janeiro a novembro de 2010 no porto, a commodity foi responsável por aproximadamente 20% do volume. A estimativa é que neste ano a ferrovia amplie sua participação em 50% na carga de açúcar, chegando a 7,5 milhões de toneladas. Em 2010, via trem foram 5,1 milhões de toneladas que desembarcaram em Santos e no ano anterior, 3,4 milhões de toneladas. Esse desempenho reflete uma combinação entre o crescimento orgânico da operação de açúcar via trilhos e a transferência para a ferrovia de cargas da commodity antes transportada por caminhão. No porto como um todo, a movimentação de açúcar a granel crescerá "apenas" entre 20% e 25%.

De acordo com o diretor de Infraestrutura e Execução de Obras da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Paulino Vicente, parte da migração do açúcar para o trem é resultado direto da conclusão do viaduto da Santa, na margem direita, em Santos. A obra recém-inaugurada eliminou o encontro rodoferroviário na região de Outeirinhos, onde estão localizados os terminais que movimentam o granel, dando uma opção logística mais viável e econômica para agilizar a chegada da carga às instalações. "A obra favorece de maneira decisiva o modal ferroviário porque cria condições de, sem atrapalhar o transporte rodoviário, incrementar sobremaneira a ferrovia com trens maiores. Já estamos caminhando para composições de 80 a 85 vagões. Hoje, o padrão médio é de 40", afirma o diretor.

O aumento da utilização da ferrovia mostra três aspectos que Vicente considera benéficos. Primeiro é a possibilidade de ofertar um açúcar com preço mais competitivo no mercado externo, visto que chegará mais barato ao porto. Segundo, a diminuição dos congestionamentos de carretas nas vias portuárias. Por último, e consequentemente, a melhoria ambiental em Santos com redução de emissões de gás carbônico. A projeção dos terminais de açúcar é que só neste ano sejam retirados 297 mil caminhões de circulação com a transferência da carga para a ferrovia.

O viaduto da Santa integra o conjunto de obras da avenida perimetral da margem direita, empreendimento orçado em R$ 130 milhões (US$ 76,5 milhões) previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Até agora o traçado consumiu quase R$ 50 milhões (US$ 29,4 milhões). Também está planejada uma avenida perimetral na margem esquerda (Guarujá), cujo processo licitatório para definir a empresa ou consórcio que fará a obra está em andamento. As duas vias estarão concluídas até o fim de 2014. Hoje, as instalações da margem direita são responsáveis por quase 90% do açúcar escoado pelo porto e contam com uma capacidade estática de aproximadamente 800 mil toneladas - a maior oferta portuária dedicada à exportação de açúcar do mundo. Com os dois novos viadutos, Vicente vê espaço para a expansão da oferta de armazenagem.

A Rumo Logística, do grupo sucroalcooleiro Cosan (com terminais no porto de Santos), tem investimentos que totalizam R$ 1,2 bilhão (US$ 705,9 milhões) na malha ferroviária da América Latina Logística (ALL) para fortalecer o modal no transporte de açúcar no Brasil. Do montante, R$ 535 milhões (US$ 314,7 milhões) serão para duplicar, ampliar e melhorar a via permanente e pátios do corredor ferroviário Bauru-Santos; R$ 435 milhões (US$ 255,9 milhões) para aquisição de 50 locomotivas e 729 vagões e R$ 206 milhões (US$ 121,2 milhões) para construção e ampliação de terminais no interior do Estado e no porto de Santos.

Os próximos passos da perimetral de Santos são a construção do trecho na entrada do porto, em Alemoa e Saboó, e do Mergulhão, que será uma passagem subterrânea para carretas, no Valongo. Ontem tiveram início as prospecções arqueológicas onde ele será construído. O intuito é identificar possíveis vestígios arqueológicos, históricos e culturais da área.