28/08/09 10h00

Fibria, unificação de VCP e Aracruz Celulose, nasce com duplo desafio

Valor Econômico

Fibria é o nome escolhido pelo grupo Votorantim para a maior fabricante de celulose de mercado do mundo. Nascida da união das operações entre Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz Celulose, a empresa terá o desafio de combinar seus projetos de expansão de produção ao mesmo tempo em que buscará reduzir seu endividamento.

O grupo Votorantim, que ficará com cerca de 36% do capital total da empresa depois da emissão de ações para incorporação da Aracruz, indicará quatro dos sete conselheiros da empresa. O BNDESPar, que compartilhará o controle até 2014, nomeará outros dois representantes no conselho. O board terá um integrante independente. Até o fim do ano, a empresa ingressará no Novo Mercado da Bovespa, garantiu.

A intenção do grupo Votorantim é fazer com que a Fibria capture sinergias nas operações combinadas dos negócios superior ao valor presente líquido de R$ 4,5 bilhões (US$ 2,43 bilhões) anunciados à época da primeira oferta de aquisição das ações dos antigos controladores, em agosto de 2008. Calfat não revela a nova cifra, mas confirma que o valor pode ser expressivo, "acima de 10%", admitiu.

Nos últimos 12 meses encerrados em junho, o fluxo de caixa combinado da Fibria somou R$ 2 bilhões (US$ 1,08 bilhão) - uma relação de seis vezes seu endividamento. Segundo Calfat, a fabricante passará a contar cada vez com recursos adicionais. A fábrica de Três Lagoas (MS) começou a operar no fim de março. "A unidade bateu um recorde mundial. Em apenas três meses, atingiu a capacidade nominal de 1,3 milhão de toneladas, o que acontece historicamente depois dos oito meses."

O executivo da Votorantim lembrou ainda dos efeitos da recuperação recente das cotações de celulose no cenário internacional. "Nos últimos meses, os preços subiram US$ 100 por tonelada na Europa", disse. Mas esclareceu que é prematuro ainda fazer um prognóstico sobre o equilíbrio entre oferta e demanda de celulose. O câmbio tem ajudado, no entanto, a empresa a reduzir seu endividamento em dólar. Mais de 70% das dívidas estão atreladas à moeda americana, o que poderá ajudar a companhia a reduzir suas obrigações financeiras.

Embora não tenha dado prazo de quando os novos projetos de expansão sairão do papel, Calfat salientou que a companhia avaliará o momento mais adequado para aprovar os futuros investimentos. "Temos um site com floresta pronta, outro com floresta avançada, um terceiro com plantios já iniciados e um quarto podendo se duplicado", disse o executivo, referindo-se, respectivamente, as unidades de Guaíba, Losango (ambos no RS), Veracel (em sociedade com a empresa sueco-finlandesa Stora Enso) e Três Lagoas.