14/10/10 07h00

Finlandesa Poyry avalia ativo para crescer no Brasil

Valor Econômico

A companhia finlandesa Poyry Tecnologia, que atua em engenharia e projetos em diversos setores industriais e de infraestrutura, analisa a aquisição de uma empresa brasileira com atividades nesse segmento para ganhar maior participação no Brasil. Até 2008, a consultoria tinha limitado sua atuação no Brasil ao setor de celulose e papel. O retorno, em meio à crise mundial, visou participar do boom verificado nos setores de mineração, siderurgia, metalurgia, cimento, fertilizantes, saneamento e meio ambiente, ferrovias e portos, energia e consultoria. A empresa quer recuperar o tempo perdido.

Kenro Matsui, diretor da empresa, informa que a Poyry, com a aquisição de uma empresa local, ficará reforçada para "navegar em um oceano com investimentos previstos de US$ 120 bilhões até 2016". Segundo ele, apenas na mineração estão previstos metade desses recursos. Em siderurgia, os projetos novos e de expansão somam outros US$ 40 bilhões. A área de fertilizantes surge com programa ousado de investimentos, por conta, principalmente, do processo de consolidação de ativos feito pela Vale no setor.

Segundo Matsui, ao fazer a aquisição de uma empresa local com experiência nesses setores, a Poyry segue a mesma trilha de outras multinacionais. Na última década, a francesa SNC Lavalan adquiriu a Miner Consult, a australiana WorleyParsons comprou a CNEC, a americana AMEC incorporou a Minproc. "A competição, agora, é com gigantes como essas e Hache (EUA) e Austenco (Austrália", diz. Segundo o diretor, a empresa-alvo da Poyry fica em Minas Gerais e a operação de compra já se encontra na fase de auditoria.

A consultoria finlandesa, informa o diretor, já conquistou contratos importantes, como o de exploração de ouro, cobre e ferro Arapiraca, da Aura Minerals, o da mina de Juruti, de bauxita, no Pará, e o da duplicação da unidade de laminação de alumínio da Novelis, em Pindamonhangaba (SP). Além disso, acrescenta, há as áreas de energia, transporte, água e ambiental, que considera bem promissoras. Com forte peso de celulose e papel, em 2008 a Poyry faturou R$ 212 milhões (US$ 115,9 milhões) no Brasil. No ano seguinte, com o impacto da crise, o valor caiu para R$ 150 milhões (US$ 76,1 milhões). A expectativa para este ano é de recuperação com a retomada de projetos por várias empresas, desde mineração a siderurgia.

Atualmente, a Poyry está de olho até no megaprojeto do trem-bala. Também está concorrendo às obras de expansão da mina Casa de Pedra, da CSN, da sua controlada Namisa e das usinas de aço longos da siderúrgica. Segundo o diretor, a consultoria atua desde a análise de viabilidade de projetos até a execução e implantação do empreendimento. A empresa, presente no Brasil desde 1974, emprega 400 funcionários e atende mais de 50 clientes. No mundo, está em 50 países e faturou € 812 milhões em 2008. É listada na Bolsa de Helsinque.