24/09/10 15h07

Fornecedores de refeição coletiva investem para atender pré-sal

Valor Econômico – 24/09/10

Servir refeições frescas e saudáveis em plataformas petroleiras e navios na área do pré-sal, a 300 km da costa, é uma operação complexa. Além de o armazém mais próximo estar a 48 horas de barco, o abastecimento é feito apenas uma vez por semana. Os alimentos seguem frescos, embalados a vácuo ou congelados em contêineres com compartimentos de diferentes temperaturas, controladas eletronicamente. É preciso ter duas equipes idênticas que se revezam. Cada grupo trabalha 14 dias e folga outros 14. Como os funcionários são transportados de helicóptero, se o tempo fecha, a troca de turno é adiada e pagam-se horas-extras.

A despeito disso, ninguém quer ficar de fora. A paulista Nutrin acaba de estrear no segmento com a compra, este mês, de 51% da Elasa, que atende cinco plataformas da Petrobras em Macaé, no Rio de Janeiro e pertence ao grupo mineiro Alimenta. Ao mesmo tempo, as quatro maiores empresas do setor de refeições coletivas no Brasil, que já operam nesse nicho, se movimentam para ampliar operações. A GRSA está investindo R$ 1,5 milhão (US$ 857,1 mil) em um centro de armazenagem também em Macaé e a Gran Sapore planeja aquisições. A Puras e a Sodexo esperam expansão de até 30% na receita da área.

"O pré-sal muda a história do segmento", diz Renato Melo, gerente-executivo regional de "offshore" (jargão para o serviço em alto-mar) da Puras. "Há uma expectativa de crescimento muito grande". A empresa gaúcha, que projeta um faturamento total de R$ 1,2 bilhão (US$ 685,7 milhões) este ano, é uma das pioneiras na área entre as grandes do setor. Começou em 2003 e hoje seu centro de distribuição (CD) em Macaé, de onde saem os produtos usados nas plataformas, é o maior dos dez da companhia no país. São 24 unidades marítimas atendidas no litoral do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de Santa Catarina, operadas pela Petrobras e por companhias estrangeiras, como a norueguesa StatoilHidro.

A Nutrin decidiu entrar nesse mercado via aquisição. Segundo o presidente da companhia, Aderbal Nogueira, foram investidos R$ 2,5 milhões (US$ 1,4 milhão) na compra da fatia majoritária da Elasa. "Queremos entender mais da operação e, no futuro, temos intenção de comprar os outros 49%", afirma. O negócio vai adicionar R$ 13 milhões (US$ 7,4 milhões) ao faturamento da Nutrin, que deve atingir R$ 200 milhões (US$ 114,3 milhões). A Gran Sapore pretende mais que triplicar o faturamento obtido com esse segmento, de R$ 12 milhões (US$ 6,9 milhões) com o atendimento a três embarcações, para R$ 40 milhões (US$ 22,9 milhões) em 2011, e estuda aquisições de concorrentes menores.