11/03/10 10h57

Four Seasons está com um pé no Brasil

O Estado de S. Paulo

O grupo hoteleiro canadense Four Seasons, que gerencia 83 hotéis de alto luxo ao redor do planeta, está de olho no mercado brasileiro. Pretende abrir três estabelecimentos no País - em São Paulo, no Rio de Janeiro e o terceiro, um resort, em outra cidade do litoral, numa região ainda indefinida. Esta semana, o diretor de desenvolvimento para América Latina e Caribe da rede, Alinio Azevedo, esteve no Brasil para conversar com potenciais investidores. Entre eles, figuram fundos de pensão, incorporadores e empresários em geral. Levando-se em conta que cada unidade consome em torno de R$ 180 milhões (US$ 100 milhões), da obra até o primeiro hóspede, a previsão é que seja necessário mais de meio bilhão de reais para bancar os planos do Four Seasons.

Pelo menos um dos empreendimentos, o hotel paulista, deve ser anunciado ainda no primeiro semestre deste ano, já que a intenção da rede é de que esteja pronto para operar durante a Copa do Mundo de 2014 e o tempo médio da construção é de quatro anos. Depois de crescer na América do Norte, Europa e Ásia, o foco do grupo agora está na América Latina, África e no Oriente Médio. Hoje, a rede está envolvida com cerca de 40 projetos, em diferentes fases de execução, na China, Índia e Rússia.

Há quem veja com ceticismo a entrada de uma rede de hotéis superluxuosos como a Four Seasons no Brasil. "Não consigo ver mercado para esse tipo de hotel aqui", diz José Ernesto Marino Neto, presidente da consultoria BSH International, especializada em hotelaria. "É muito caro para os padrões brasileiros." Segundo ele, hoje o mercado de hotéis de luxo no País é representado por três marcas - Unique, Fasano e Emiliano - cujas diárias giram em torno de R$ 1 mil (US$ 555,6) e tiveram uma taxa de ocupação de 65% em 2009. Comparando, uma diária no Four Seasons no exterior custa mais de R$ 2 mil (US$ 1,1 mil). Para complicar, lembra Marino Neto, o nicho de luxo teve um desempenho pífio no ano passado: cresceu apenas 1,5%, contra os 9% exibidos pelo restante do setor hoteleiro, em São Paulo.