03/12/09 12h29

Francesa Ipsen busca novos mercados no país

Valor Econômico

O grupo francês Ipsen oficializou ontem sua entrada no mercado brasileiro, conforme antecipou o Valor. A companhia farmacêutica está de olho no potencial do mercado nacional e deverá comercializar a partir de 2010 medicamentos voltados para a área de endocrinologia no país. Segundo Christophe Jean, vice-presidente executivo e COO (Chief Operating Office) global da companhia, o Brasil é considerado estratégico entre os países da América Latina.

Com faturamento global em torno de €1 bilhão, a companhia já comercializa no país a toxina botulínica tipo A, licenciada desde 1999. A marca da empresa, a Dysport, concorrente da Botox, que pertence à Allergan, é o carro-chefe do grupo. A Ipsen tem um acordo com a Galderma, que distribui o Dysport no país, mas apenas para fins estéticos. A companhia, contudo, quer expandir sua atuação no segmento terapêutico. Para isso, decidiu ter atuação direta no mercado brasileiro e criou uma filial com 11 representantes. O mercado de toxina botulínica movimenta no Brasil cerca de R$ 150 milhões (US$ 87,2 milhões) e tende a crescer. Do total de toxina botulínica negociada pela Ipsen, um terço é voltado para fins terapêuticos e o restante para área estética.

A empresa vai reforçar sua atuação no Brasil também com parcerias com a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade de Brasília (UnB) e outros campus. De acordo com o executivo, a empresa investe cerca de um quinto de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. Dos 4,2 mil trabalhadores, 800 estão atuando em inovação.

Jean afirma que a companhia farmacêutica quer focar seus negócios em nichos de mercado, ou a chamada medicina especializada. A empresa deverá comercializar a partir do próximo ano no país o somatuline, que é voltado para pacientes com acromegalia (doença rara que causa o crescimento excessivo das extremidades, também conhecida como gigantismo). Nesta área, a Ipsen tem um concorrente de peso no mercado internacional, a companhia Novartis.

A empresa atua no mercado internacional com mais de 20 produtos. A estratégia de pesquisa do laboratório francês está respaldada na combinação de produtos especiais nas áreas de oncologia terapêutica, endocrinologia e neurologia. Outro medicamento que deverá ser comercializado no país é o Apokyn, voltado para os chamados casos "off" de mal de Parkison, ou seja, quando o paciente tem um bloqueio e não consegue se locomover por alguns segundos. Para esta especialidade, a empresa afirma que ainda não há concorrentes no mercado. A expectativa é de que o medicamento esteja disponível para comercialização no país a partir de 2011.