24/01/08 11h21

Frigoríficos saem às compras e aceleram plano de internacionalização

Valor Econômico - 24/01/2008

Até março do ano passado, a JBS-Friboi era uma companhia fechada que havia colocado os pés na Argentina num primeiro passo para se internacionalizar. Dez meses depois, o frigorífico negocia ações na Bovespa e se tornou a maior empresa de carne bovina do mundo após a compra da americana Swift Foods Company. A aquisição, fechada em maio passado, foi a principal tacada da empresa, que entrara na Argentina em 2005, para se globalizar de fato. E surpreendeu, já que a JBS adquiriu, por US$ 1,4 bilhão, uma companhia com faturamento de US$ 9,5 bilhões, quatro vezes maior que o seu. O caso da JBS talvez seja o mais emblemático da mudança pela qual passa o setor de frigoríficos de bovinos no Brasil, mas não é o único. E vem acompanhando a tendência de internacionalização das companhias brasileiras nos últimos anos. A diferença é que empresas como Gerdau e Vale do Rio Doce - de siderurgia e mineração, respectivamente - já estavam anos-luz à frente dos frigoríficos em termos de organização financeira e administrativa. A compra de um concorrente no exterior traz vantagens, como flexibilidade, proximidade dos clientes e facilidade de crédito, além de poder passar por cima de barreiras tarifárias de mercados protecionistas como o americano e o europeu. No caso dos frigoríficos, é uma forma também de se proteger das barreiras sanitárias. Outro frigorífico que foi à bolsa ano passado, o Marfrig, começou a se internacionalizar em 2006, com aquisições no Mercosul e Chile. A última compra da empresa, até julho passado uma companhia fechada e familiar, foi a argentina Mirab, que produz "beef jerky" (tiras de carne salgada para comer como um salgadinho), por US$ 36 milhões. Com a aquisição, anunciada no começo deste ano, o frigorífico passou a ter uma unidade própria nos Estados Unidos. Em novembro, o Marfrig já tinha adquirido 70,51% das ações da também argentina Quickfood S.A. por US$ 140,9 milhões e 100% das ações do Best Beef S.A. e do Estancias del Sur por US$ 39,3 milhões. A agressividade dos frigoríficos de carne bovina chamou a atenção em 2007, mas eles não foram os únicos a apostar no exterior: a Perdigão também adquiriu a européia Plusfood, por 31 milhões de euros.