30/10/08 11h57

Fundações alemãs miram Brasil no pós-crise

Valor Econômico - 30/10/2008

O Brasil entrou, pela primeira vez, na rota de um grupo de investidores institucionais estrangeiros, clientes do HSBC. Na primeira visita ao país, há cerca de duas semanas, representantes de fundos de pensão e bancos da Alemanha tiveram a oportunidade de conhecer de perto a economia local e o mercado de capitais. "Estávamos entediados de ir para a Ásia", brinca o diretor da área de institucionais da HSBC Global Asset Management na Alemanha, Markus Ackermann, que acompanhou o grupo durante a viagem. À primeira vista, o Brasil impressionou, mas os investidores ainda guardam certa resistência a apostar as fichas num país localizado numa região marcada por um passado de moratórias e pelo fenômeno do populismo. Ackermann conta que a idéia de organizar a viagem partiu do forte interesse dos investidores por desbravar outros mercados emergentes, além da Ásia. "Como o HSBC tem uma presença importante no Brasil, achamos que valia a pena testar a viagem com um pequeno grupo (quatro investidores e dois executivos do banco da Alemanha)", diz. A visita durou apenas quatro dias, três deles gastos na capital paulista e um na cidade de Ribeirão Preto. A preferência pela Ásia nesses últimos anos tem a ver com o forte crescimento econômico de países como China e Índia, afirma Andreas Bürger, diretor do fundo de pensão da European Patent Organisation (EPO), entidade pública internacional que atua na concessão de patentes na Europa. Na América Latina, compara o executivo, a expansão varia entre 4% e 5% ao ano, assim como a poupança interna é relativamente pequena em comparação à asiática. Além disso, ele cita o fenômeno do populismo como um entrave aos investimentos na região e também no Brasil. Mas, o Brasil tem suas vantagens, a começar pela menor alavancagem da economia e por um mercado financeiro pouco especulativo, ressalta Bürger. E continua: "as empresas brasileiras estão mais acostumadas a mercados voláteis e à falta de linhas externas de financiamento". Para ele, o país está mais protegido de uma correção de preços. "Caso haja redução na expectativa de retorno sobre capital próprio, esta será menos dramática no Brasil, até porque as empresas já têm um custo de capital mais alto."