05/02/14 14h09

Fundo do Canadá vai aplicar mais no Brasil

Valor Econômico

A gestora de recursos do fundo de pensão do Canadá está abrindo um escritório em São Paulo para prospectar novas oportunidades de investimentos na América Latina. Com US$ 190 bilhões em ativos sob gestão, o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) administra os recursos da previdência básica (equivalente ao nosso INSS) de 18 milhões de canadenses.

O fundo já tem US$ 4,9 bilhões aplicados na região, US$ 2,3 bilhões só no Brasil. Segundo o presidente global do CPPIB, Mark Wiseman, a ideia é diversificar o portfólio e aumentar a fatia de aplicações na região. No Brasil, o foco dos investimentos é no mercado imobiliário, em fundos que compram participações em empresas (private equity) e em infraestrutura. Wiseman cita investimentos em portos, energia elétrica e estradas.

"Temos uma visão de longo prazo e nossa estratégia é alocar capital onde há déficit de investimentos", disse o presidente da gestora, que está no país esta semana para inaugurar o novo escritório. Questionado sobre a desconfiança atual de investidores estrangeiros em relação às economias emergentes, Wiseman é categórico: "Não somos 'hot money'".

Segundo ele, as economias desenvolvidas já não oferecem tantas oportunidades de investimentos no horizonte de aplicação que demanda um fundo de pensão, por isso a necessidade de diversificação. Segundo ele, momentos de volatilidade de curto prazo como o atual em ativos de mercados emergentes, não pautam a estratégia de aplicação do fundo, mas sim as perspectivas de longo prazo das economias em que investem.

"Não estamos olhando o que vai acontecer no Brasil no próximo trimestre, mas sim nos próximos 25 anos", afirma. Ele observa que o país tem uma economia e uma população de classe média em crescimento e que, por isso, a expectativa é "extremamente" positiva para o Brasil no longo prazo.

Sobre as eleições deste ano, ele se diz menos preocupado com quem vai ganhar o pleito, mas sim com o caminho que o país está trilhando. Ele cita como fatores importantes a liberalização da economia, um ambiente regulatório estável e condições para o aumento da renda da população. "Não nos importamos se o governo A ou B está no poder. Nossa principal preocupação é em qual direção o país está", afirma.

O escritório do Brasil é o quarto da gestora fora do Canadá. Em 2008, inauguraram o de Londres e de Hong Kong e, no mês passado, abriram um em Nova York. A ideia, segundo Wiseman, é ficar mais próximo de seus parceiros de investimentos. Do patrimônio de US$ 190 bilhões do fundo, 34,7% está alocado no Canadá, 31,4% nos Estados Unidos, 16,7% na Europa, 11,3% na Ásia, 2,8% na Austrália e 2,7% na América Latina.

Wiseman não quis estimar em quanto os investimentos no Brasil e na América Latina vão aumentar, apenas disse que vão aplicar "substancialmente mais". Ele observa que apenas com o crescimento natural do fundo o volume já cresce. A projeção é de que o patrimônio alcance US$ 465 bilhões em 2030.

A gestora aposta na incorporação imobiliária no Brasil, basicamente por dois motivos: primeiro, o desenvolvimento da população de classe média impulsiona a demanda por espaços voltados ao varejo e, segundo, o crescimento da economia no longo prazo requer oferta de espaços industriais. Por isso, a carteira imobiliária do fundo no país é concentrada em imóveis comerciais e voltados ao varejo e logística.

Para seus investimentos aqui, que também incluem fundos de ações e de estratégia macro, o fundo tem parcerias com as gestoras Tarpon, Dynamo, Squadra e BTG Pactual, além de empresas do setor imobiliário, como a Cyrela e a GLP. Também tem investimentos diretos, como a participação de 27,6% na Aliansce Shopping e 25% no Botafogo Praia Shopping.