05/07/10 10h58

Gávea e TPG tornam-se sócios da Rumo para transportar açúcar

Valor Econômico

Os fundos de investimento Gávea e Texas Pacific Group (TPG) tornaram-se sócios da Rumo Logística, empresa de transporte ferroviário controlada pela Cosan. Os dois investidores fizeram, juntos, aporte de R$ 400 milhões (US$ 222 milhões) e vão ficar, cada um, com 12,5% do negócio (25% no total), calculado em R$ 1,6 bilhão (US$ 889 milhões). A Cosan manterá os 75% restantes. A entrada de sócios estratégicos nesse negócio já fazia parte dos planos do grupo desde que a Rumo foi constituída, há quase dois anos. A empresa, voltada para o transporte ferroviário de açúcar entre o interior de São Paulo e o porto de Santos (SP), começou suas operações, de fato, no início deste ano.

A meta da empresa de logística é movimentar de 9 milhões a 10 milhões de toneladas de açúcar por safra - o que representa um terço da produção total do Centro-Sul do país - até 2012. Neste primeiro ano de operação, a expectativa da Rumo é atingir 5 milhões de toneladas de açúcar a granel. Para 2011, as projeções já são de 6,5 milhões a 6,8 milhões de toneladas. Marcos Lutz, principal executivo da Cosan, afirmou que os fundos Gávea e TPG terão a opção, nos próximos três anos, de trocar de posição, ou seja, sair da Rumo para obter participação na Cosan, caso a empresa de logística não apresente liquidez. Os acionistas, contudo, não acreditam que essa seja uma possibilidade real, uma vez que o escoamento ferroviário tem forte potencial de crescimento. A Rumo também deverá ir à bolsa, quando as condições macroeconômicas ficarem favoráveis, segundo o executivo.

O transporte de açúcar pelos trilhos começou a ganhar corpo nos últimos anos - tradicionalmente o escoamento é feito por caminhões. Atualmente, cerca de 15% da produção de açúcar do país é escoada por trens. Os caminhões respondem por 85% do transporte da commodity até os portos. No futuro, essa equação poderá se inverter, acreditam os especialistas do setor.

Para viabilizar seu projeto, a Cosan, quando ainda era 100% controladora do negócio, encomendou 739 vagões e 50 locomotivas, que somam cerca de R$ 440 milhões (US$ 244 milhões). Do total, 439 vagões já estão rodando, afirmou Júlio Fontana Neto, presidente da Rumo. Quatro das 50 locomotivas também já foram entregues e todas estarão operando a pleno vapor até o início de 2011. Há investimentos em curso também na melhoria e duplicação da via férrea, incluindo duplicações de trechos, que devem avançar nos próximos meses, que somam cerca de R$ 535 milhões (US$ 297 milhões). A Rumo já fez os pedidos de licenças ambientais para duplicação de trechos da ferrovia que interliga a cidade paulista de Itirapina a Santos, que soma 330 quilômetros, e para a construção de um grande terminal de captação de cargas em Itirapina. A empresa ainda dispõe de centros de captação em Sumaré (Airosa Galvão) e Pradópolis. O de Sumaré teve seu trecho de 180 quilômetros duplicado.