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Governo federal quer ampliar Santos

Folha de S. Paulo - 13/07/2008

O porto de Santos movimentou no ano passado 81 milhões de toneladas de carga. Tem hoje o maior terminal de contêineres do país, a Santos Brasil, e é responsável por 25% do comércio exterior brasileiro. Por dia, 9.000 caminhões trafegam na margem santista. Em período de pico, o tráfego já atingiu 13 mil. Somado ao fluxo da margem esquerda, no lado do Guarujá, pode alcançar circulação de até 17 mil. Mas, mesmo diante de números como esses, o governo não pretende abandonar o plano de ampliar ainda mais a concentração de cargas no já maior porto do país. As projeções da Codesp, que administra o porto, são que a estrutura portuária com novos terminais de contêineres que serão instalados nas atuais áreas de ocupação elevarão a capacidade de movimentação de carga a 110 milhões de toneladas. O plano não pára por aí. O governo federal e a Codesp querem até o fim do ano o resultado dos estudos sobre um projeto mais audacioso: o Barnabé-Bagres, um novo porto de Santos que, de tão grande, ultrapassa a área legal de porto organizado atual. O estudo começou a ser feito pela Santos Brasil, empresa que faz parte dos investimentos do Opportunity Fund, administrado pelo banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, que assumiu a missão de desenvolver o projeto. O plano prevê um novo porto que ampliará a capacidade de movimentação em mais 120 milhões de toneladas. O volume é maior do que a capacidade possível nas atuais instalações. São mais 45 berços de atracação, somados aos 63 atuais. A estimativa é que o negócio tenha um custo de R$ 9 bilhões (US$ 5,63 bilhões). O ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, diz que tem "convicção de que o porto de Santos ainda pode crescer". "Quando falam em duplicar o porto de Santos, tenho um calafrio. É impossível construir um novo sistema Anchieta-Imigrantes", afirma Mauro Arce, secretário dos Transportes de São Paulo. A construção do trecho Sul do Rodoanel na região metropolitana de São Paulo pode trazer alívio ao pesado tráfego de caminhões que cruza a cidade rumo à Baixada Santista. Para Luiz Antonio Fayet, consultor de logística e infra-estrutura da Confederação Nacional da Agricultura, a concentração é uma idéia inadequada. "Faz muito mais sentido criar outros corredores de exportação e concentrar em Santos cargas de maior valor agregado".