25/07/12 15h40

GPC terá nova fábrica para atender contrato com Duratex

Valor Econômico

A GPC Química, empresa do grupo Peixoto de Castro, acaba de fechar um contrato de fornecimento de resinas destinadas a painéis de madeira com a Duratex. O negócio acertado tem duração de oito anos, renováveis por mais oito. O acordo entre as partes prevê ainda a instalação de uma nova fábrica de produção de formal e resinas termofixas da GPC, em Itapetininga (SP), próxima a Duratex.

Wanderlei Passarella, presidente da empresa, disse ao Valor que o acerto com a Duratex para um contrato de longo prazo vai garantir um reposicionamento da empresa no mercado nacional e uma reestruturação da dívida da GPC, que foi fortemente impactada pela crise de 2009 e ainda fecha seu balanço no vermelho. "Esperamos reverter esta situação este ano e voltar a crescer", previu o executivo.

Resultado da fusão da Synteko e da Prosint Química, duas empresas do grupo Peixoto de Castro em 2008, a GPC tem hoje seis unidades industriais - duas de metanol; três de ureia formal, matéria prima das resinas termofixas; e uma de dimetil éter.

"O contrato com a Duratex tem um valor muito importante para a GPC voltar a crescer. Vamos garantir com isto um retorno para os R$ 45 milhões que a empresa precisa tomar no mercado para investir na unidade de produção de ureia em Itapetininga. Inicialmente, vamos investir de R$ 23 milhões a R$ 24 milhões numa primeira unidade e, mais tarde, vamos fazer uma expansão modular da fábrica na qual vamos aplicar R$ 22 milhões", informou Passarella.

O acerto com a Duratex prevê o fornecimento de 110 mil toneladas de resinas de ureia formal. Além desse contrato, a GPC fechou negócio com as empresas Berneck e Marfisa, ambas de painéis de madeira, para fornecer o produto. Atualmente, é de 25% a fatia do mercado interno de resinas de ureia formal que a GPC detém. "Com os novos investimentos e os novos contratos vamos expandir esta participação para 30%, retomando nossa posição de liderança". O maior concorrente da GPC neste nicho de mercado é a multinacional americana Momentive.

Atualmente, a GPC produz 250 mil toneladas de ureia formal em Uberaba (MG) e Araucária (PR). Quando a unidade de Itapetininga estiver em operação o volume vai saltar, nos próximos três anos, para 450 mil toneladas. "Estamos preparados para voltar a crescer, pois o mercado de ureia formal envolve painéis de madeira, indústria de celulose e indústria de móveis. O boom da construção também está nos ajudando".

Além da ureia-formol para resinas, a GPC produz metanol numa unidade em Camaçari, uma joint-venture com a Petrobras, com produção de 60 mil toneladas anuais e na antiga refinaria de Manguinhos, no Rio, onde produz 140 mil toneladas anuais do produto. A expansão da produção de metanol, que chega a 200 mil por ano, vai depender, segundo Passarella, de uma nova política de gás natural. "É preciso regular o comércio de gás natural", destacou o executivo.

Outro produto da carteira da GPC é o dimetil éter. Com capacidade de produção de 30 mil toneladas por ano do produto, a GPC está fabricando 5 mil toneladas em sua unidade situada na Avenida Brasil, no Rio. O produto é usado como propelente de aerossol (veículo para propulsão de aerossol). Este produto, segundo Passarella, está sendo introduzido agora no mercado numa parceria estratégica com a Ultragás que distribui e comercializa a mercadoria junto com a GPC. Segundo ele, o dimetril éter "é absolutamente clean e não afeta a camada de ozônio". Este produto concorre no mercado doméstico com o propano butano.

A crise de 2009, além de levar a empresa a rever seus ativos e fechar a fábrica de ureia formal em Gravataí (RS), deixou a GPC com uma dívida de R$ 120 milhões. Passarella acaba de fazer uma reestruturação na dívida, alongando seu perfil e ganhando a adesão de novos bancos. "A maior parte da dívida era com o Santander e o Itaú e agora anunciamos em fato relevante a transferência de parte da dívida para HSBC, Banrisul e Caixa. O perfil agora é de longo prazo, de cinco anos para pagar.

A GPC Química está sob o guarda-chuva da GPC Participações, holding do Grupo Peixoto de Castro, junto com a Apolo Tubos de Aço e a Semergen de matérias primas para companhias de energia renováveis. A família Peixoto de Castro tem 42% da holding e os restantes 60% estão pulverizados em bolsa. A GPC Participações tem capital aberto.