14/05/18 12h09

Grande ABC é 4º polo consumidor do Brasil

Diário do Grande ABC

A cada R$ 100 gastos no País, R$ 1,70 será desembolsado pelos moradores das sete cidades, totalizando R$ 75,95 bilhões neste ano. O montante faz com que o Grande ABC – se considerado como um único município – seja o quarto maior polo consumidor do País, após oito anos ocupando a quinta posição do ranking nacional. As informações são do estudo IPC Maps 2018, da IPC Marketing e Editora, divulgados com exclusividade para o Diário.

Ainda que o dado seja positivo, a região perdeu espaço no consumo brasileiro: em 2017, era responsável por 1,72% do dispêndio, ante 1,70% neste ano – ou seja, no ano passado, eram gastos aqui R$ 1,72. Em contrapartida, o valor total obteve incremento nominal, ou seja, sem descontar a inflação, de R$ 3,26 bilhões (4,48%). “Mesmo considerando o impacto da inflação (cuja meta é de 4,5%), deve haver crescimento, embora pequeno, do consumo potencial absoluto total”, avalia Jefferson José da Conceição, coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

O título de quarto maior polo consumidor do País foi motivado pela perda de potencial de consumo de Belo Horizonte (Minas Gerais), com R$ 75,38 bilhões ou 1,69%. À frente da região estão São Paulo (7,84%), Rio de Janeiro (4,24%) e Brasília (2,11%).

Em relação à diminuição da participação no País, Conceição aponta que a instabilidade na retomada da produção industrial é um dos fatores que justificam o resultado. “O desempenho das capitais tem caído na crise, principalmente porque empresas, em busca de custos menores, acabam migrando para cidades do interior”, destaca Marcos Pazzini, coordenador do IPC Maps 2018.

“A economia do Grande ABC e, consequentemente, os empregos e o consumo a ela vinculados, são muito dependentes das indústrias”, afirma Conceição. Para se ter ideia, em dezembro, a ociosidade das fábricas da região chegava a 36%, segundo dados do Boletim IndustriABC, do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo.

O morador das sete cidades irá consumir, em média, R$ 2.285,42 por mês, somando R$ 27.425,05 no ano. O maior desembolso será com a manutenção do lar (R$ 20,95 bilhões) – o que inclui contas de água, luz, telefone e aluguel, por exemplo –, seguido por outras despesas (R$ 14,82 bilhões) – como empréstimos e cabeleireiro – e por alimentação no domicílio (R$ 7,97 bilhões).

Do total, quase a metade dos dispêndios, 49,4% (R$ 35,03 bilhões), será gasta pela classe B, 33,2% (R$ 25,19 bilhões) pela classe C, 14,6% (R$ 11,04 bilhões) pela classe A e 6,7% (R$ 4,5 bilhões) pelas classes D e E.

NACIONAL - Em todo País, é esperado consumo de R$ 4,4 trilhões, 5,71% a mais do que em 2017, quando a expectativa era de R$ 4,2 trilhões. Ou seja, percentualmente, os gastos da região deverão crescer menos do que os do País.

Pazzini salienta que a IPC Marketing e Editora idealizava crescimento maior, pois era esperado que as incertezas acerca do desemprego e cenário político estariam amenizadas. “Estamos estagnados desde 2011. Descontada a inflação, o crescimento esperado era de 5% em 2018 e não de 3%, conforme projetamos”.

Conceição alerta que a conjuntura do País pode fazer com que a projeção não seja alcançada. A valorização do dólar, por exemplo, que iniciou o ano a R$ 3,26 e chegou a R$ 3,59 na semana passada, pode elevar o preço de produtos importados e, assim, acelerar a inflação.

Ao mesmo tempo, os cortes consecutivos da taxa Selic, hoje em 6,5%, ainda não refletem no bolso da população. “Para o consumidor, os juros continuam altos e a queda é mais lenta”, assinala Conceição. Outro ponto é o ICC (Índice de Confiança do Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que atingiu 89,4 pontos em abril – mesmo patamar registrado no segundo semestre de 2014, primeiro ano da recente crise econômica com saldo negativo de empregos. À época, só a indústria havia eliminado 15.093 postos de trabalho formais na região, tida, naquele momento, como a maior demissão da história.

Três municípios estão entre os 50 maiores

Das sete cidades que compõem a região, três estão na lista das 50 maiores consumidoras do Brasil: Santo André, São Bernardo e Mauá. A primeira ganhou três posições, chegando à 17ª. No município é esperado dispêndio de R$ 22,03 bilhões neste ano, ante R$ 20,41 bilhões em 2017 (20º lugar).

São Bernardo, na 19ª classificação, amargou a perda de um posto, mas, ainda assim, detém o título de melhor colocada da região. Em 2018, os munícipes devem gastar R$ 21,91 bilhões, enquanto no ano passado, R$ 21,63 bilhões (18º).

Mauá, por sua vez, ocupa o 49º lugar – um acima em relação a 2017 (50º). A expectativa é que os mauaenses consumam R$ 11,64 bilhões, R$ 37 milhões a mais.

Na 56ª colocação, Diadema ganhou quatro posições e prevê crescimento dos gastos de R$ 9,1 bilhões (60ª) para R$ 10,14 bilhões.

Por outro lado, Rio Grande da Serra perdeu 75 posições, ocupando o 613º lugar. A previsão de consumo retraiu de R$ 1,06 bilhão para R$ 986,84 milhões.

São Caetano está na 106ª colocação, nove abaixo do ano passado (97ª), enquanto a projeção de gastos está maior em 2018 – de R$ 6,28 bilhões para R$ 6,31 bilhões. Em Ribeirão Pires, o consumo esperado manteve-se em R$ 2,9 bilhões. Porém, a cidade perdeu 11 posições e ocupa o 231º lugar.