25/05/08 09h03

Grandes empresas ficam cada vez maiores

Folha de S. Paulo - 25/05/2008

A tropa da elite empresarial brasileira ganhou mais poder e uma nova cara nos últimos dez anos. Saíram de cena estatais e ganharam porte produtores de commodities (produtos primários como ferro e aço). Algumas áreas se consolidaram com fusões e aquisições e outras empresas simplesmente desapareceram do mapa da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), como mostra levantamento da consultoria Economática. A participação das 32 maiores empresas brasileiras de capital aberto em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) saltou de 11,7% para 30%, entre 1998 e 2007. Se forem consideradas apenas as dez maiores, o aumento da concentração em relação ao PIB foi ainda maior: os percentuais passam de 6,3% para 20% no período. Os valores foram calculados pela FGV (Fundação Getulio Vargas), com base no faturamento anual das empresas listadas na Bovespa em dólares atualizados comparado com o PIB nacional, dolarizado e também atualizado. Segundo William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV, mudanças desse porte levam tempo em países de economia madura. No Brasil, no entanto, elas não só aconteceram fortemente num curto intervalo de tempo como tendem a continuar. Em dezembro de 1998, das 10 maiores empresas por valor de mercado listadas na Bovespa, 5 eram estatais e 4 eram bancos, sendo que dois deles públicos. No dia 16, só restava a Petrobras como estatal entre as maiores companhias por valor de mercado. Ainda estão lá quatro bancos, mas só o BB é ligado ao Estado. As restantes são empresas privadas: Vale, AmBev, CSN, Gerdau e Usiminas.