18/01/10 10h32

Grupo Arakaki investirá na ampliação da Alcoeste

Valor Econômico

Depois de vender a sua metade na usina Ouroeste (SP) para a Bunge, o Grupo Arakaki, tradicional no cultivo de cana na região de Fernandópolis (SP), quer tocar um projeto antigo de produzir açúcar. O alvo da empreitada é a destilaria Alcoeste, construída na cidade na década de 1980, no auge do Proálcool, e na qual o grupo detém 100% de participação. A empresa não descarta iniciar a produção da valorizada commodity já na safra 2010/11, que começa em abril. Nos próximos meses, será iniciada a ampliação do canavial, de 18 mil para 21 mil hectares.

A empresa era uma das que tinham sociedade em usinas com a Moema Participações (Moemapar), controlada por Maurílio Biagi Filho, e que foi adquirida pela multinacional Bunge. Na complexa operação, que envolveu troca de ações da multinacional na bolsa de Nova York, a Bunge vai ceder ao grupo Arakaki papéis equivalentes a cerca de US$ 100 por tonelada de capacidade instalada de processamento, informou a diretoria da empresa. O valor pode variar conforme as oscilações das ações da multinacional na bolsa americana. Segundo o grupo Arakaki, a maior parcela dos recursos para o projeto açucareiro virá da liquidação de parte desses papéis, cuja aquisição será finalizada em cerca de um mês. A empresa descarta, por enquanto, a entrada de um parceiro estratégico.

A Alcoeste produziu neste ciclo 900 mil litros de álcool, a partir da moagem de 1 milhão de toneladas de cana. O plano da empresa é triplicar o processamento para 3 milhões de toneladas. Os sócios da empresa, a maior parte deles filhos dos irmãos Kosuke e Riromassa Arakaki, se dizem satisfeitos com o negócio feito com a multinacional. O grupo não informou a quantidade de ações acordada na operação, mas espera começar a liquidar parte dos papéis neste semestre - dependendo do ritmo de valorização das ações da Bunge. Além da agropecuária, produtora de cana, a holding Arakaki tem sob seu guarda-chuva outras empresas do ramo comercial e de serviços, entre elas quatro concessionárias de tratores Massey Fergusson.

O advogado do grupo, Halley Henares Neto, do escritório especializado em fusões e aquisições Henares Advogados Associados, explica que foi fundamental na agilidade em fechar o negócio com a Bunge o fato de a empresa, genuinamente familiar, já ter estruturado um acordo de acionistas, com regras claras de governança corporativa, entre outros atributos importantes para uma empresa, como critérios de precificação de ações. "Esse processo vem sendo feito há dois anos. É provável que se não tivesse sido assim, a negociação demoraria mais tempo", diz Henares.