28/04/10 10h41

Grupo Bertin agora vai disputar trem-bala

O Estado de S. Paulo

Depois de vencer o leilão da Hidrelétrica de Belo Monte, no consórcio Norte Energia, o Grupo Bertin se prepara para entrar em outra competição de peso. A empresa, tradicional no ramo frigorífico, deve ser um dos principais sócios brasileiros do consórcio coreano KTX, que vai disputar a concessão do Trem de Alta Velocidade (TAV), entre Rio, São Paulo e Campinas.

Os dois empreendimentos (TAV e Belo Monte) são os maiores do Brasil na atualidade. Juntos somam investimentos de R$ 50 bilhões (US$ 27,8 bilhões). A dúvida é se o Bertin terá capacidade financeira para bancar parceria nos dois projetos bilionários. Há cerca de dois anos, o grupo participou, em consórcio, de dois leilões de usinas termoelétricas, mas não conseguiu fazer o depósito das garantias no prazo estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nos valores de R$ 370 milhões (US$ 205,6 milhões) e R$ 196 milhões (US$ 108,9 milhões). Além de ser multado, também teve 1% da garantia executada pelo órgão regulador.

Para os coreanos, no entanto, o episódio ainda não é motivo de preocupação. Em visita de três dias pelo Brasil, os coreanos estão otimistas com a disputa e se colocam como "a solução para o TAV brasileiro". Ontem, eles se reuniram em um hotel em São Paulo para confirmar seu interesse no empreendimento. Além dos executivos das empresas KRNA (Korea Rail Network Authority), Korail e KRRI, núcleo do consórcio, a comitiva coreana contava com representantes de gigantes (construtoras) como Posco, Hyundai, GS Group, Lotte, Daewoo, Daelim, Samsung e SK.

Segundo o presidente da KRNA, Cho Hyun Yong, essas empresas vão ajudar o consórcio a preparar o modelo de negócios e a proposta coreana para o TAV brasileiro. "Assim que o governo definir as regras (lançar o edital), essa equipe estará pronta para adequar nossa participação no projeto." Ele alertou, no entanto, que é preciso ter agilidade para conseguir liberar o processo o mais rapidamente possível, se o País quiser contar com o empreendimento até os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio. "Para colocar o trem em operação nesta data, temos de receber os estudos de viabilidade este ano e começar a construção em 2011."