26/06/18 14h03

Grupo Natos, de Goiânia, investe R$ 1 bi em resorts

Valor Econômico

O Grupo Natos, incorporadora de Goiânia voltada para o segmento de hotéis e resorts, está investindo R$ 1 bilhão, até maio de 2020, em Olímpia, município a 435 km de São Paulo e destino de turistas que buscam as águas termais da região. Não é um exemplo isolado.

Operadores de resorts estão investindo e apostando na manutenção do atual ciclo do setor, que vem crescendo a taxas de 10% nos últimos três anos. A demanda doméstica tem crescido, e a valorização do dólar ante o real é um fator que pesa na hora do brasileiro decidir para onde vai viajar.

Em maio, o Natos inaugurou o Olímpia Park Resort, que recebeu R$ 415 milhões. É um complexo com piscinas, spa, academias de ginástica, praça de alimentação e cinema, além de quatro edifícios de 17 andares cada um. Paralelamente, Natos iniciou a comercialização de um segundo empreendimento, também em Olímpia. O Águas Park Resort está orçado em R$ 415 milhões e com entrega programada para 2020. "Já temos um terceiro projeto sendo desenhado, o Solar das Brisas", diz o presidente do Natos, Rafael Almeida. Seu foco é a família da classe C.

Para ele, Olímpia ganhou status de destino turístico graças ao parque aquático Thermas dos Laranjais, criado no fim dos anos 1980 para explorar as fontes de águas termais. A atração virou um dos principais parques da América Latina, com 300 mil metros quadrados e dois milhões de visitantes por ano, no ano passado.

"A gente procura inovar e criar atrações únicas todos os anos para manter a atração de visitantes. Cerca de 50% de nossa receita vira novos investimentos", diz o vice-presidente do Thermas dos Laranjais, Jorge Luiz Noronha. Arquiteto, ele desenhou o empreendimento.

Neste ano, Noronha prevê inaugurar uma atração batizada de "Lendário", desenvolvida em parceria com a empresa White Water, do Canadá. Trata-se de um conjunto de tobogãs com água, que fará a ligação com outros brinquedos aquáticos do parque. A novidade vai aumentar a capacidade em cinco mil visitantes/dia", diz o executivo do Thermas dos Laranjais.

"É importante sempre ter novidades de férias a férias", concorda Daniel Chequer Ribeiro, diretor financeiro da Rede Tauá de Hotéis, que opera três resorts e um hotel que somam 1,3 mil quartos. O grupo está investindo em um novo parque aquático, academias e spa nos empreendimentos que tem em Atibaia (SP) e Caetés (MG). "Trabalhamos com um cenário de crescimento de 15% a 20% este ano", diz Ribeiro. Ele busca "oportunidades de construir novos resorts no país, provavelmente na região sul". O Tauá, com sede em Minas Gerais, faturou R$ 143 milhões no ano passado.

A Rede Tauá também está investindo R$ 108 milhões em mais um resort, que ficará a 70 km de Brasília, o Tauá Alexânia, a ser inaugurado no segundo semestre do 2019. Parte dos recursos vem de uma linha, de R$ 30 milhões, captada com o Fundo do Centro Oeste (FCO). Outra parte dos recursos deve ser levantada por meio da venda de cotas de férias compartilhadas - um direito que um cliente compra para usufruir de um determinado empreendimento, hotel ou resort, por um período de 3 a 20 anos, em média.

No caso do Natos, que está investindo em Olímpia, o sistema de férias compartilhadas bancou quase todo o investimento. O grupo vendeu todas as cotas para os 912 apartamentos do novo complexo quando estava fazendo o lançamento do projeto, ainda na planta, há três anos. O preço mínimo de uma cota era de R$ 48 mil, dando direito ao uso por um período de 4 semanas por ano.

O modelo de férias e de propriedades compartilhadas foi criado na Europa nos anos 1970. Mas ganhou impulso anos depois nos Estados Unidos, quando surgiram as empresas intercambiadoras, ou câmaras de trocas, caso da RCI. Esta empresa pertence ao grupo americano de hotelaria e hospedagem Wyndham, que fatura US$ 7 bilhões por ano.

A RCI opera como uma câmara de trocas. Ela permite ao usuário hospedar-se em diferentes lugares, usando como moeda de troca o ativo que comprou por meio do sistema de férias compartilhadas. Assim, quando um turista compra, por exemplo, o direito de passar férias em um dos resorts do Grupo Rio Quente (o primeiro a aderir a esse modelo no país em 1998), ele ganha pontos, como em um sistema de milhagens. Essa pontuação é depositada na empresa intercambiadora. O turista pode, então, usar seus pontos para hospedar-se em outro lugar.

"O sistema de férias compartilhadas no Brasil tem crescido cerca de 13% ao ano, mais que os 8% de expansão média na América Latina", diz o vice-presidente da RCI para América Latina, Juan Ignacio Rodríguez. "É nosso mercado que mais cresce na América Latina".

Segundo a diretora da RCI no Brasil, Fabiana Leite, são 200 resorts e propriedades que fazem parte da plataforma da RCI no país. No ano, a empresa recebeu 17 novas adesões e neste ano outras cinco, A meta é chegar a dezembro com 230 propriedades.

"Entretenimento é a chave de crescimento para o setor de resorts", diz o presidente do Grupo Rio Quente, Francisco Costa Neto. A empresa controla dois resorts, o de Caldas Novas (GO) e Sauípe (BA). Juntos, os dois empreendimentos somam 2,7 mil quartos em 12 hotéis e três parques, que recebem quase 3 milhões de hóspedes e visitantes por anos.

"Vamos investir R$ 27 milhões este ano em Sauípe para criar atrações", diz Costa Neto. Entre as novas atrações para os hóspedes nos resorts do grupo estão a escolinha de futebol para crianças do Real Madri e eventos com personagens da Cartoon Network. A meta do grupo Rio Quente é fechar 2018 com incremento de 14% no faturamento total e atingir R$ 675 milhões em receita bruta.